A polémica em torno do corte das pensões de sobrevivência não partiu dos mais pobres. É para muita gente insuportável que, faltando dinheiro, se dê prioridade aos mais necessitados, como é imperativo moral.
É curiosa a controvérsia em torno da intenção do Governo de impor limites a pensões de sobrevivência. Ainda não se conhecem os termos concretos dos cortes, mas muita gente desatou a criticar violentamente a proposta sem perceber – ou sem dizer – que esses cortes só se aplicarão a quem acumular duas pensões.
E revelou-se a hipocrisia dos que falam em justiça social mas a recusam na prática – desde as confederações sindicais à oposição partidária, passando por muitos comentadores.
Os cortes serão para o Estado poupar dinheiro, claro, mas têm uma intenção social, da parte de um Governo acusado de ser forte com os fracos e fraco com os fortes. A intenção de cortar nos que recebem mais, poupando os outros, será, ou não, confirmada quando se conhecerem os pormenores.
Mas, para já, ficou claro que as indignações e os protestos não vieram dos mais pobres. É para muita gente insuportável que, faltando dinheiro, se dê prioridade aos mais necessitados, como é imperativo moral. Os pobres que paguem a crise, parecem dizer essas reacções.