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Francisco Sarsfield Cabral

Decisões irrevogáveis

03 out, 2013

Em Itália, um filme que já vimos em Portugal, no princípio de Julho.

O ex-primeiro ministro italiano, Sílvio Berlusconi, foi condenado em tribunal. Como retaliação, Berlusconi anunciou a saída do governo italiano dos cinco ministros da sua formação política, que deixaria de apoiar o governo de coligação chefiado por Enrico Letta. No sábado foi publicamente confirmada a demissão irrevogável (sic) desses ministros.

Letta marcou para ontem a votação de uma moção de confiança. Que iria perder, por causa dos senadores e deputados afectos a Berlusconi. Só que uma boa parte destes disse que se recusava a votar contra a coligação, para não mergulhar a Itália e o euro numa perigosa crise. Perante esta revolta, Berlusconi fez uma viragem de 180 graus, votando ontem a moção de confiança de Letta.

Quando não se tem sentido de Estado nem uma noção clara do que significa ter que recorrer aos mercados para financiar o Estado (mesmo sem estar, como a Itália não está, sob um programa de ajustamento e uma troika) tomam-se decisões “irrevogáveis” que, depois, têm que ser deixadas cair. Um filme que já vimos em Portugal, no princípio de Julho.