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Francisco Sarsfield Cabral

Um país normal

24 set, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Enquanto em França, a popularidade de François Hollande baixa, na Alemanha Angela Merkel aparece em sintonia com a “normalidade” do seu povo.

O sucesso eleitoral de Merkel deve-se à sua sintonia com a opinião pública germânica. Os alemães estão psicologicamente marcados por vários acontecimentos, para além do nazismo e (no Leste) do comunismo.

A hiper inflação de 1923 reduziu a pó todas as poupanças, bem como a maior parte dos salários. Daí, o horror que os alemães ainda hoje têm a qualquer alta dos preços.

Mais recentemente, a reunificação da RFA levou a enormes transferências de dinheiro para a antiga Alemanha de Leste, mas sem grandes resultados económicos.

Compreende-se que os alemães não queiram repetir a experiência com os países do Sul da Europa.

É verdade – e Merkel reconheceu-o – que depois da última guerra, a RFA foi ajudada pelos seus aliados, que lhe perdoaram parte da dívida. Mas os alemães acham que já pagaram para a Europa o suficiente para, agora, deixarem de o fazer. A Alemanha é hoje um país “normal”. E Merkel encarna essa normalidade.

Entretanto, a popularidade de Hollande – há tempos encarado como o contrário de Merkel – desceu para o nível mais baixo de um Presidente francês nos últimos 20 anos.