A economia portuguesa poderia já ter batido no fundo, se houvesse fundo. Era bom que houvesse, para podermos concretizar a máxima de, uma vez lá, o caminho só pode ser para cima.
Neste mês, a economia portuguesa surpreendeu pela positiva, com dados do segundo trimestre do ano.
Soube-se que o desemprego caiu 1,3 pontos percentuais, para 16,4% da população activa. Foi a primeira vez em dois anos que o desemprego baixou; e desde há quinze anos que em Portugal não se criavam tantos empregos.
Depois veio a subida do PIB em relação ao primeiro trimestre, a primeira após dez trimestres sucessivos a cair. A subida foi de 1,1%, quando as expectativas mais optimistas previam 0,6%.
O Governo reagiu com sábia prudência a estas boas notícias – não sabemos se a tendência é sustentável. As oposições tentaram desvalorizar as novidades, por vezes com argumentos ridículos (as boas notícias são-lhes politicamente inconvenientes...).
Também se disse que a nossa economia tinha batido no fundo e, portanto, a partir de agora só poderia melhorar. Só que não há fundo.
Veja-se a Grécia: o PIB perdeu ali um quarto desde 2007 e continua a cair ao ritmo anual de perto de 5%; e o desemprego grego subiu para 27,6% da população activa.