Suscitou muita esperança, mas Erdogan tem-se mostrado cada vez mais autoritário e politicamente intolerante.
Depois da I guerra mundial, os militares impuseram a laicidade do Estado turco. Por vezes com medidas anti-islâmicas violentas. Aliás, os militares turcos gozavam de especiais privilégios, não propriamente democráticos. E nas últimas décadas não se coibiram de interromper a democracia com golpes de Estado.
O predomínio das Forças Armadas na vida política turca acabou agora, com a condenação a prisão perpétua de altas patentes (bem como de jornalistas e políticos), por alegada conspiração contra o governo de Erdogan.
Mas este político, no poder há dez anos, decepcionou aqueles que esperavam um governo islâmico moderado e respeitador das liberdades. Seria a conciliação, tão necessária, entre Islão e democracia.
Erdogan tem-se mostrado cada vez mais autoritário e politicamente intolerante. A independência dos tribunais e a liberdade de expressão estão hoje limitadas na Turquia. E a islamização progressiva do regime é uma realidade, que não se sabe onde irá parar.
Erdogan, que tanta esperança suscitou, tornou-se uma decepção. Não é só a Turquia que perde com isso, é também o mundo.