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Francisco Sarsfield Cabral

Príncipes da Igreja

30 jul, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Cristo adverte os que servem o povo cristão em posições de autoridade para não procederem como os chefes das nações. Talvez seja altura de repensar o Vaticano como um Estado.

O Papa Francisco pediu aos bispos sul-americanos que não sejam “príncipes”. Um apelo coerente com a simplicidade de Francisco, antes e depois de ter sido eleito Papa.

E coerente, sobretudo, com o Evangelho: Cristo adverte os que servem o povo cristão em posições de autoridade para não procederem como os chefes das nações. E lembra que, no Reino dos Céus, os primeiros serão os últimos.

A partir do imperador romano Constantino, a Igreja assumiu poderes temporais. Foi uma doença pagã que durou séculos. D. Afonso Henriques precisou que o Papa Alexandre II confirmasse a independência de Portugal. E ainda hoje o Vaticano é um Estado, com uma diplomacia reconhecida pela sua qualidade. Algo que vale a pena repensar.

Ainda que fundada por Cristo, a Igreja é também uma instituição humana. Por isso, precisa de organização, de hierarquia, de dinheiro e de uma ortodoxia doutrinal – caso contrário, valeria tudo.

Mas a Igreja não pode esquecer, ou levar a que outros esqueçam, que “o meu Reino não é deste mundo”. Por isso, a ideia de “príncipes da Igreja” deve ser banida. Não é evangélica.