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Francisco Sarsfield Cabral

Dilemas da austeridade

29 jul, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Irlanda lembra a Portugal que não deve baixar a austeridade para não perder credibilidade internacional. A austeridade irlandesa é dura. A portuguesa é perigosa.

A coligação governamental não deve ceder à tentação de cortar menos de 3,1 mil milhões de euros no próximo orçamento, baixando a austeridade. O défice do Estado e a dívida pública continuam muito altos, pelo que cumprir o ajustamento orçamental de 5,1 mil milhões de euros em 2014 e 2015, acordado com a “troika”, é uma chave para manter a confiança dos credores internacionais.

Estes avisos não são dirigidos a Portugal – constam do último boletim do banco central da Irlanda, país como nós sujeito a assistência externa.

Por cá, pensamos que tudo corre sem dificuldades na Irlanda. É certo que a economia irlandesa já terá ultrapassado a recessão, com o PIB a crescer 0,2% em 2012 e uns estimados 0,7% este ano e 2,1% em 2014. Mas a austeridade na Irlanda é dura.

A nossa recessão persiste, embora pareça improvável o cenário da espiral recessiva, pois as quedas do PIB nacional têm vindo a diminuir. Aqui, a austeridade é mais perigosa, pois na medida em que trava o crescimento dificulta a redução do défice das contas públicas.

Mas sem ela não teremos o apoio dos credores...