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Francisco Sarsfield Cabral

O novo ciclo

23 jul, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Convém não ter ilusões. Há vários factores que travam o investimento, entre os quais o facto de as empresas não terem dinheiro. São precisos mais passos.

O Governo PSD/CDS anuncia um novo ciclo – o ciclo do investimento e do crescimento económico. De facto, alguma coisa se pode e deve fazer nesse sentido. Mas convém não ter ilusões.

Primeiro, a conjuntura externa, sobretudo europeia, continua a piorar, não obstante todo o palavreado contra a austeridade excessiva.

Fala-se muito na dívida pública portuguesa e com razão, porque ela é enorme: 127% do PIB, com tendência para subir. Mas a dívida das empresas privadas (não financeiras) é maior ainda. Atingiu 140% do PIB em 2012; depois desceu ligeiramente, mas continua a ser a mais alta da União Europeia.

O que em parte explica que o crédito bancário às empresas se retraia. E explica, sobretudo, que o investimento privado tenha caído brutalmente desde 2009.

Claro que outros factores travam o investimento, desde as incertezas políticas até à queda da procura, interna e externa. Mas o essencial é que as empresas não têm dinheiro, nem acesso a crédito.

A redução do IRC de 25% para 7,5%, no limite, para quem invista, pelo menos, cinco milhões de euros até ao fim do ano é um pequeno passo. Muitos outros são precisos.