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Francisco Sarsfield Cabral

Bruxelas contra Berlim

12 jul, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

A Alemanha não quer que o BCE meta o nariz nos seus bancos estaduais e é contra o mecanismo europeu que a Comissão Europeia propõe. Bruxelas enfrenta, assim, mais um teste à sua capacidade de se opor à hegemonia alemã. Algo que tem falhado.

A Comissão Europeia propôs um mecanismo de resolução bancária – isto é, uma entidade comunitária que decida sobre o que fazer de um banco em dificuldades financeiras (falência? recapitalização? etc.).

Juntamente com o supervisor bancário único (o BCE) e um seguro europeu de depósitos (ainda por criar), este mecanismo é o terceiro elemento da prometida união bancária.

Prometida, mas longe ainda de concretizada. A Alemanha não quer que o BCE meta o nariz nos seus bancos estaduais, que não parecem em boa situação. E Berlim é contra o mecanismo europeu que a Comissão propõe, preferindo que cada país do euro tenha o seu. Por outras palavras, os alemães não querem pagar pelos erros dos outros.

O ministro das Finanças da Alemanha diz que o mecanismo que a Comissão pretende é contrário ao Tratado da União Europeia (o que a Comissão contesta). E preconiza que se altere o Tratado, o que, na prática, seria adiar a união bancária para daqui a décadas.

Este confronto é mais um teste à capacidade da Comissão se opor com êxito à hegemonia alemã. Até agora a Comissão perdeu quase sempre.