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Francisco Sarsfield Cabral

A islamização da Turquia

05 jun, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

A Turquia é uma nação chave nas relações entre o Ocidente e o mundo islâmico. Os seus militares defendem a laicidade do Estado, mas estão agora enfraquecidos pelo partido islâmico de Erdogan, há dez anos no poder. Se a islamização da Turquia acontecer, será um desastre político.

A Turquia é um país membro da NATO. Depois dos Estados Unidos, as suas forças armadas são as maiores da Aliança.

Na guerra fria, a Turquia esteve na primeira linha de defesa contra a União Soviética. Hoje, é uma nação chave nas relações entre o Ocidente e o mundo islâmico.

Na linha da Ataturk, os militares turcos defendem a laicidade do Estado, contra os que querem a lei islâmica. Mas nem sempre esses militares respeitaram princípios democráticos. Agora estão enfraquecidos pelo partido de Erdogan, há dez anos no poder. Um partido islâmico moderado, que se propunha conviver com a democracia.

O problema é que o partido e o próprio Erdogan se têm tornado gradualmente mais autoritários e mais seguidores da “sharia” islâmica. É contra essa tendência que se levantam os manifestantes na Turquia.

Há quem receie que a estratégia de Erdogan tenha como objectivo final um Estado islâmico. A rejeição dos europeus à entrada da Turquia na União Europeia também jogou nesse sentido.

Se a islamização da Turquia vier a acontecer, será um desastre político e geoestratégico, agravando o conflito das democracias com o Islão.