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Francisco Sarsfield Cabral

Perversidades do dinheiro fácil

03 jun, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

O dinheiro não é tudo, mesmo na actividade económica. O mau investimento não faz crescer a economia, é desperdício.

São muitas as queixas quanto à dificuldade de obter crédito e quanto ao seu alto preço, quando se consegue um empréstimo. É verdade. Acresce que as nossas empresas são as mais endividadas da Europa e possuem escassos capitais próprios.

Mas o dinheiro não é tudo, mesmo na actividade económica. O estudo, em boa hora encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos a Augusto Mateus, mostra que nos 25 anos desde a nossa entrada na CEE recebemos fundos comunitários equivalentes a nove milhões de euros por dia.

No entanto, os resultados obtidos, se em alguns pontos foram positivos, ficaram globalmente aquém do desejável.

Este semi-falhanço, nas palavras de Augusto Mateus, teve sobretudo a ver, creio eu, com o efeito perverso do dinheiro fácil. Depois de, nos primeiros anos, se investir em necessidades óbvias, passou-se depois a investir só para aproveitar o dinheiro de Bruxelas, sem cuidar da racionalidade dos projectos. Por isso temos auto-estradas e estádios a mais, por exemplo.

O mau investimento não faz crescer a economia, é desperdício. Ao menos, que se aprenda a lição.