Francisco Sarsfield Cabral
O sonho e a realidade
31 mai, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral
Os italianos já perceberam que um partido de protesto, como o de Bepp Grillo, serve apenas para protestar e não para construir o que quer que seja. Em Portugal, há quem defenda a “união das esquerdas, o que não tem o menor sentido, como é óbvio.
O partido de Beppe Grillo, uma força contra os políticos e os partidos, obteve um quarto dos votos nas eleições gerais italianas, em Fevereiro. Agora, em eleições locais, o mesmo partido teve resultados baixíssimos.
Não é difícil perceber porquê. Em Fevereiro, muitos italianos quiseram manifestar o seu desagrado face aos políticos e às medidas de austeridade. Por isso, um quarto votou em Beppe Grillo.
Depois, foi preciso formar um Governo em Itália. Ora, este partido não se dispôs a contribuir para essa complicada tarefa. Os italianos perceberam que um partido de protesto servia para… protestar, mas não para construir o que quer que seja.
Em Portugal há quem defenda a “união das esquerdas”. Ou seja, na prática, juntar o PS europeísta, defensor da democracia representativa e negociador do memorando com a “troika”, com os nossos partidos de protesto, PCP e BE, que querem rasgar o “pacto de agressão” (como classificam aquele memorando) e derrotar o capitalismo.
O que não tem o menor sentido, como é óbvio. Mas o romantismo esquerdista prefere o sonho à realidade.