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Francisco Sarsfield Cabral

A coragem de Passos Coelho

07 mai, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Quando disse “que se lixem as eleições” foi acusado de ser anti-democrático. Mas não se pode negar a sua coragem de avançar com o que entende ser bom para o país, apesar de impopular.

Criticamos os políticos, com razão, por se preocuparem mais com as próximas eleições do que com o bem do país. Por exemplo, Sócrates avançou com algumas reformas (a mais importante foi a da Segurança Social) e reduziu o desequilíbrio das contas do Estado até 2007.

A partir daí, porém, a prioridade foi vencer as legislativas de 2009, ainda que à custa do recrudescimento do défice orçamental e do forte aumento da dívida pública e da dívida externa. Tendência mantida após essas eleições, onde Sócrates não conseguiu a maioria absoluta.

O actual primeiro-ministro sabe que não irá ganhar eleições por causa da austeridade. Passos Coelho até já disse “que se lixem as eleições”. Há dias, reiterou que não abandonaria o barco por causa de uma eventual derrota do PSD nas autárquicas.

Curiosamente, esta posição foi alvo de críticas. Alegou-se que desvalorizar eleições é anti-democrático. Ora, podemos criticar muita coisa na política (ou na falta dela) de Passos Coelho, mas não a sua coragem de avançar com aquilo que entende ser bom para o país, apesar de impopular.