Antes pessoas que pensam por si do que “yes men”. Mas a escolha de Berta Cabral pode também significar uma inflexão estratégica de Passos Coelho.
Causou surpresa e também algumas críticas o facto de nos últimos dias – na tal “mini-remodelação às pinguinhas” – terem entrado para o Governo pessoas que, antes, tinham mostrado discordar de medidas (ou da falta delas) desse mesmo Governo.
Sem poder avançar uma opinião definitiva, pois falta ver o que os novos elementos do Executivo irão fazer, arrisco dizer que pode ser positivo ter no Governo gente que pensa pela sua cabeça e o disse publicamente.
É bem melhor do que rodear o chefe com um grupo de “yes men”, que apenas lhe dizem o que ele quer ouvir – ou seja, elogios e factos ou pseudo-factos positivos. Já vimos disso em Portugal.
Também pode ser sinal de uma inflexão estratégica de Passos Coelho. O Governo dá agora mais atenção ao crescimento económico, como ontem se viu no primeiro Conselho de Ministros dedicado a esse tema. E, depois de durante dois anos ter marginalizado o PS e a UGT, o primeiro-ministro parece quer passar a promover pontes com essas forças.
Incluir personalidades críticas no seu próprio Governo mostra força e não fraqueza da parte de Passos Coelho.