É a maior falha do actual Governo. Não existe visão estratégica. Sem ambas não se muda o Estado.
Pouco depois de ter iniciado funções, em 2011, o ministro das Finanças disse não ser então possível fazer cortes racionais na despesa pública. A pressão dos credores era enorme e não havia tempo para preparar uma reforma do Estado.
O drama é que, entretanto, passaram dois anos e não houve avanços significativos nessa reforma.
Tivemos cortes na despesa pública, decerto, mas poucos foram de natureza permanente e estrutural (a Saúde é o sector onde são mais visíveis esses escassos casos).
Continuamos sob intensa pressão externa para cortar gastos do Estado, mas sem uma visão estratégica. Nem a cabe à “troika” fornecer-nos essa visão: é uma questão política que compete aos representantes eleitos pelos portugueses.
E aí reside a maior falha do actual Governo: não tem política. E sem ela não se muda o Estado.
Há uma intenção governamental de diminuir o peso do Estado, o que leva a acusações de o executivo de Passos Coelho ser neoliberal, ultraliberal, etc. É curioso, num Governo que subiu impostos para um nível nunca antes visto em Portugal. E evidencia a falta de política.