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Não espias? Não voas…

24 abr, 2014

Quatro muçulmanos alegam, num processo, que o FBI os colocou na lista de proibição de voar em retaliação por não se terem tornado informadores.

Não espias? Não voas…
O FBI está a usar a lista de proibição de voar para pressionar muçulmanos a tornarem-se informadores e a espiarem nas suas próprias comunidades, alega um processo judicial.

Os quatro muçulmanos que dão o nome no processo dizem que foi isso que se passou com eles.

Naveed Shinwari, um cidadão naturalizado americano, estava a regressar do Afeganistão em 2012 quando foi parado por agentes do FBI. Apesar de não terem encontrado razões para desconfiar dele, os agentes terão dito que “quanto mais nos ajudares, mais nós te podemos ajudar também”.

Quando Shinwari se recusou a tornar-se informador da sua comunidade local nos Estados Unidos, descobriu que tinha sido colocado na lista de pessoas proibidas de voar.

Shinwari diz que a colocação na lista lhe custou um emprego e milhares de dólares em prejuízos. Apesar de a restrição ter sido levantada entretanto, o homem muçulmano, cuja mulher e família vivem ainda no Afeganistão, diz que continua com medo de efectuar voos para fora do país, não vá acontecer ser impedido de regressar.

Outro dos subscritores do processo, Awaiis Sajjad, foi impedido de viajar para o Paquistão em Setembro de 2012 e questionado pelo FBI. Durante as entrevistas, foi-lhe explicado que, em troca de colaboração com a agência, poderia receber cidadania e outras compensações. Quando se mostrou relutante, foi-lhe recordado que o FBI é que determina quem é colocado na lista de proibição de voar.

De acordo com o processo, o FBI colocou-o na lista “para o pressionar e coagir a sacrificar os seus direitos constitucionais”.

Esta não é a primeira vez que o FBI é acusado de usar estes métodos para pressionar muçulmanos a colaborar com os seus serviços.

A lista de proibição de voar foi criada na sequência dos atentados do 11 de Setembro de 2001. Contudo, o critério para ser colocado na lista é a apresentação de um risco para a segurança aeronáutica e esta não deve ser usada como forma de pressão.

Questionado pela imprensa americana, o FBI não comentou o caso.