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Gorbachev pode sentar-se no banco dos réus devido ao desmantelamento da URSS

10 abr, 2014

Investigação vai avaliar acontecimentos de há mais de 20 anos. Vários dirigentes da época são acusados de crimes que levaram ao colapso da União Soviética no final de 1991.

Cinco deputados russos de diferentes formações políticas pediram à Procuradoria-Geral da Rússia para investigar o ex-presidente Mikhail Gorbachev no sentido de o processar pelo seu papel no desmantelamento da União Soviética, segundo o jornal "Izvestia".

Os deputados, dois do partido no poder Rússia Unida (RU), dois do Partido Comunista (PC) e um do ultranacionalista Partido Liberal Democrático (PLD), consideram que Gorbachev e outros dirigentes da época cometeram crimes que levaram ao colapso da União Soviética no final de 1991.

Gorbachev, em particular, é acusado de ter criado o Conselho de Estado da URSS, órgão que não estava previsto na Constituição do país e que decidiu o reconhecimento da independência das repúblicas soviéticas bálticas, Estónia, Letónia e Lituânia.

Mikhail Degtiariev, do PLD, disse ao Izvestia que a investigação permitirá avaliar juridicamente os acontecimentos que ocorreram há mais de 20 anos.

“Até agora não foi feita uma apreciação jurídica da destruição do Estado, quando todos os factos mostram que foi uma acção planeada. Os culpados devem ser castigados, entre eles Gorbachev”, adiantou.

Degtiariev considerou que as consequências do desmantelamento da URSS ainda se sentem actualmente, dando como exemplo a crise na Ucrânia. “Em Kiev morre gente e haverão mais mortes por culpa daqueles que há muitos anos decidiram no Kremlin acabar com o país (a URSS)”, assinalou.
Gorbachev qualificou de “disparate completo” a iniciativa dos deputados.

“Estes apelos refletem o desejo de alguns deputados de aparecerem nos media. Gostam de ser citados, que falem deles. Mas são pedidos absolutamente infundados do ponto de vista dos factos históricos”, disse o ex-presidente soviético à agência Interfax.

A 8 de Dezembro de 1991, os líderes da Rússia, Bielorrússia e Ucrânia assinaram um acordo para a dissolução da URSS e a criação da Comunidade de Estados Independentes. No dia 25 do mesmo mês, Gorbachev anunciou a sua demissão da presidência.

Em Março daquele ano, 77,8% dos soviéticos, segundo os resultados oficiais, tinha-se pronunciado em referendo a favor da preservação da União Soviética como Estado.