Emissão Renascença | Ouvir Online

Exigências finlandesas têm impacto no adeus de Portugal à troika

09 abr, 2014 • Daniel Rosário, em Bruxelas

"A exigência de colaterais pela Finlândia teve um impacto negativo na decisão da Irlanda e está a ter impacto na decisão de Portugal", diz Olli Rehn.

Exigências finlandesas têm impacto no adeus de Portugal à troika

A escolha que o Governo português se prepara para fazer entre um programa cautelar ou uma saída limpa depende de considerações de ordem política, económica e financeira, mas não só. Depende igualmente da boa vontade dos parceiros da zona euro. A Finlândia já fez saber que caso Portugal decida solicitar um programa cautelar, vai ter que apresentar garantias colaterais.

Essa informação já tinha sido avançada por várias fontes europeias e foi assumida esta quarta-feira por Olli Rehn, que suspendeu temporariamente funções enquanto comissário responsável pelos assuntos económicos e monetários para se candidatar ao Parlamento Europeu.

Em campanha no seu país, precisamente a Finlândia, Rehn afirmou que a postura de Helsínquia condicionou a decisão da Irlanda em Novembro do ano passado e está agora a ter impacto sobre a reflexão de Portugal quanto à forma de sair do programa de ajustamento.

"A exigência de colaterais pela Finlândia teve um impacto negativo na decisão da Irlanda e está a ter impacto na decisão de Portugal", disse Olli Rehn, aos jornalistas em Helsínquia,  citado pela agência Bloomberg.

"Para estes países, na prática, é politicamente mais sensível fazer uma saída limpa do programa, mesmo que isso seja economicamente mais arriscado", disse.

Dois caminhos
Ao nível da zona euro, as opiniões dividem-se. De um lado estão os países que defendem que um programa cautelar deixaria Portugal mais protegido em relação a eventuais instabilidades tanto internas como externas, posição que é acompanhada pela Comissão Europeia.

Do outro lado, estão países como a Alemanha, a Holanda e a Finlândia , que prefeririam ver Lisboa imitar Dublin numa saída limpa sem recurso a apoio adicional que implique voltar a comprometer os seus recursos financeiros.

É neste contexto que o governo finlandês diz que, além das inevitáveis condições associadas a um programa, vai exigir que Portugal apresente garantias suplementares, tal como aconteceu no passado em relação à Grécia.

O debate prossegue e Lisboa deverá anunciar uma decisão no início de Maio.