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Memórias de liberdade e de retorno à pátria

22 abr, 2014 • José Carlos Silva

Foram quase 800 mil. A seguir ao 25 de Abril, muitos abandonaram as antigas colónias e regressaram à metrópole. O país não estava preparado e os chamados retornados tiveram que ser instalados à pressa em hotéis e pensões.

Passados 40 anos sobre o 25 de Abril, as memórias da liberdade continuam a misturar-se com a entrada na metrópole de milhares de refugiados. Os chamados “retornados” terão sido entre meio milhão a 800 mil. Ninguém sabe ao certo. Muitos foram acolhidos pela família ou alojados em hotéis e pensões.

Fernando Brás lembra-se bem do ano de 1974. Era chefe de recepção do Hotel Roma, em Lisboa. Era para ser um ano forte no turismo, mas a Revolução trocou as voltas às previsões: “Todos os operadores turísticos cancelaram as reservas”, lembra.

O balão de oxigénio chegou em Outubro do mesmo ano, salvando 200 empregos no hotel, com um pedido de alojamento em massa do Instituto de Apoio ao Retorno dos Nacionais.

Os refugiados ficaram na Avenida de Roma até 1977. Fizeram do hotel a sua casa, “sem problemas de maior, embora alguns quisessem fazer as suas refeições típicas no hotel”, acrescenta Fernando Brás.

A democracia foi-se consolidando nos anos seguintes e muitos hotéis acabaram por sobreviver graças ao acolhimento dos “retornados”.

A Renascença apresenta esta semana um conjunto de reportagens sobre os 40 anos da Revolução do 25 de Abril.