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A importância do bom uso das redes sociais

22 abr, 2014

As redes sociais são cada vez mais redes profissionais. Num período em que o desemprego bate recordes, estas ferramentas podem ajudar a inverter essa tendência, caso sejam devidamente utilizadas.

Num planeta cada vez mais ligado ao digital, as redes sociais tendem a ganhar importância redobrada no mundo profissional. Para entender melhor esse universo, a Renascença falou com Hélder Falcão, administrador da Goldenreputation, Business Coach certificado pela "The Business Coaching School" e responsável por uma série de conferências sobre temas relacionados com o "bom comportamento" nas redes sociais. Uma das últimas, intitulada "Presença e Reputação Online nas Redes Sociais", decorreu na "Cidade das Profissões", no Porto.

Heldér começa a conversa por enunciar uma perspectiva apelativa para as empresas: "Há teorias que dizem que, profissionalmente, cada mil contactos nas redes sociais podem representar 50 mil euros de facturação anual".

Hoje, isto é possível porque as ferramentas web trouxeram uma mudança de paradigma das redes de contactos, em que o que conta são os números, acredita: "Quando temos uma rede de contactos offline, o que importa é a qualidade, mas, quando a rede é online, isso é diferente, o que importa é a quantidade".

No caso dos particulares a situação é idêntica, mas há dicas específicas para cada caso. Nas conferências, Hélder trabalha frequentemente com desempregados (alguns à procura do primeiro emprego) ou pessoas que querem, simplesmente, potenciar a sua imagem nas redes sociais. A primeira lição é perceber que "as redes sociais podem e devem servir para a missão de alavancar a nossa contribuição para a sociedade", em parte, isto é “ser capaz de criar e partilhar informação e conhecimento”.

"O nosso perfil online é uma extensão natural do nosso perfil"
Aqui, entram os dilemas morais. Devemos aceitar o máximo de pessoas possível nas redes sociais, partilhando com essas mesmas pessoas um grande número de informação? Hélder considera que sim. "Ao aceitarmos uma pessoa - mesmo que não a conheçamos -, temos de pensar que, além de estarmos a ter acesso a essa pessoa, em primeiro grau, estamos também a ter acesso a todos os amigos dessa pessoa, em segundo grau. Quando eu partilho algo no Facebook, acontece-me muitas vezes serem os amigos dos meus amigos a gostarem ou a comentarem a publicação em primeiro lugar, o que não deixa de ser curioso". Mas e a nossa privacidade? "Curiosamente, nestas situações ocorre o efeito inverso da privacidade. Quanto mais visíveis e pesquisáveis estivermos nas redes sociais, menos as pessoas nos vão andar a chatear", responde Hélder Falcão.

Outro factor essencial para o sucesso do nosso perfil online é a higiene social. "Temos de ter cuidado com o que escrevemos. A internet tem uma memória muito grande. Não podemos entrar em ódios, quer sejam sociais, políticos, religiosos ou futebolísticos. O que eu recomendo sempre é fazerem comentários positivos e exprimirem o que sentem sem entrar em extremos". Hélder defende também que quem trabalha numa empresa é responsável pela imagem da mesma e por não a colocar em causa com aquilo que escreve nas redes sociais.

Dicas para o sucesso
Os empregadores procuram coisas básicas sobre os possíveis empregados nas redes sociais, acredita Hélder Falcão. Pessoas estáveis, consistentes com aquilo que escrevem e transferidoras de conhecimento. No fundo, "um misto de pessoal e profissional, porque as redes sociais são um bom barómetro da nossa estabilidade social e emocional".

O administrador da Goldenreputation defende que devemos ter um perfil o mais completo possível: "Em primeiro lugar, devemos ter uma boa foto de perfil. A melhor que conseguirmos. Se for homem, de fato, se for mulher, com uma roupa profissional. No campo 'sobre', devemos ter atenção ao trabalho e à formação. Detalhar bem todos os sítios onde trabalhamos e tudo o que fizemos enquanto formação. O objectivo é não deixar nenhum campo em branco".

Os que estão à procura do primeiro emprego devem "colocar os vários estágios que fizeram, sejam curriculares ou não" e, até, colocar "os trabalhos de grupo ou individuais mais relevantes que fizeram na faculdade, utilizando suportes específicos, nomeadamente, o PowerPoint e o PDF".

Para a organização deste tipo de conteúdos, Hélder deixa dicas: "Para alocar PowerPoint's, podem usar o SlideShare, para PDF, o Scribd, para imagens, o Flickr e, para vídeos, o YouTube. Depois, para partilhar esses conteúdos podem usar o Facebook, o Twitter ou o LinkedIn".

Entraves à evolução
Apesar da gradual massificação, ainda há entidades patronais resistentes a reconhecer o poder destas ferramentas. Hélder reconhece essa resistência, mas crê que o cenário será inevitavelmente mais positivo com o passar dos anos: “Se esta conversa fosse gravada daqui a um ano, acredito que o cenário seria mais positivo ainda”.

Para os mais resistentes, Hélder Falcão deixa uma mensagem clara: "Os que acham que as redes sociais são uma moda passageira, já estão mortos, só não estão enterrados ainda. São os que lhes dão importância que estão na linha da frente".