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Problemas de origem levam cada vez mais carros novos à oficina

11 abr, 2014 • Cristina Nascimento

Aumento da componente electrónica dos carros e atenção dos consumidores ajudam a explicar recolhas de milhões de veículos, como a que a Toyota e a BMW vão fazer.

Problemas de origem levam cada vez mais carros novos à oficina

Comprar um carro novo e, passados alguns meses, a marca recolher a viatura para resolver um problema. Vai acontecer a quase seis milhões e meio de automóveis da Toyota, 13 mil em Portugal, e a 500 mil da BMW, nos Estados Unidos e na China.

Esta semana, as duas construtoras identificaram problemas em alguns modelos das suas marcas. A japonesa detectou cinco problemas técnicos, que afectam 26 modelos automóveis. Já a alemã detectou um problema num parafuso que pode provocar a perda de potência nos motores de seis cilindros.

Situações destas não são novas: com cada vez maior frequência, há carros novos a ser chamados à oficina para resolver problemas de origem, dizem especialistas.

"O problema que se põe aqui é que os modelos, face à concorrência que têm, saem muito rapidamente das fábricas e, às vezes, há pequenos pormenores que ficam por testar a 300%", explica à Renascença o presidente da Automóvel Club de Portugal (ACP), Carlos Barbosa. "Mas, os grandes itens de segurança, são completamente operacionais e sem qualquer espécie de problema", assegura.

Para o presidente da ACP, a evolução técnica no sector automóvel leva a que estes problemas aconteçam mais vezes.

"Os carros têm cada vez mais electrónica dentro dos seus motores e dos seus habitáculos e é evidente que podem avariar mais do que os carros antigos, que não tinham nada disso", sustenta.

Consumidores atentos
Já para o director do Cepra – Centro de Formação Profissional da Reparação Automóvel, António Caldeira, estas chamadas à oficina estão relacionadas com "a atenção que os consumidores, nomeadamente através das várias associações, dão a determinada marca".

"O que em determinados modelos ou marcas nem sequer é relevado, noutras toma grande proporção", diz o especialista.

Voltando ao exemplo da Toyota, Caldeira explica que, em Portugal, "nunca foi reportado qualquer problema com os modelos em questão, sendo até provável que nunca viesse a ser reportado”.

Ainda assim, as "marcas, mesmo que se trate de um defeito apenas reportado por uma vez, preferem extrapolar a sua ocorrência a todos os carros vendidos".

"O aspecto positivo é que os consumidores ficam a saber que a preocupação dos fabricantes com as questões da segurança se sobrepõe à publicidade negativa que têm de enfrentar", remata.