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"Liberdade foi o grande propósito de Abril"

10 abr, 2014

Ramalho Eanes recorda ideais da "Revolução dos Cravos" e considera que faltou um plano de desenvolvimento económico e um pacto de reforma estrutural a Portugal.

O 25 de Abril foi um acontecimento demasiado importante e os portugueses não podem perder o seu grande propósito, a liberdade, afirma Ramalho Eanes.

“Abril foi demasiado importante para perdermos aquilo que foi o seu grande propósito e o seu grande propósito foi a liberdade, com coisas que, apesar de tudo, são pequenas”, disse o antigo Presidente da República em reacção à polémica em torno da ausência dos Capitães de Abril da sessão dos 40 anos da “Revolução dos Cravos”, que vai ter lugar no Parlamento.

O antigo Presidente, que ainda esta semana tinha sugerido que os militares de Abril deveriam ter direito a falar, não quer aumentar a polémica e prefere falar sobre o que conduziu o país à actual crise.

“Se porventura tivéssemos um projecto que tivesse um plano de desenvolvimento económico, um pacto de reforma estrutural, em que partidos, forças sociais, academias, todos colaborassem e que nos tivesse servido de bussola, possivelmente, teríamos aproveitado melhor os nossos recursos e, possivelmente, não teríamos caído neste modelo de gestão orçamental perverso que nos conduziu à situação actual. Eu julgo que isto é que é importante. O resto pode ferir sensibilidades, pode ser interpretado como menos consideração pelos homens que fizeram o 25 de Abril”, sublinha.

Ramalho Eanes falava aos jornalistas à margem da tomada de posse da nova direcção da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que decorreu em Lisboa.

A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, garantiu esta quinta-feira que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente na sessão solene comemorativa da revolução, mas que, se os militares impõem a condição de falar, "o problema é deles".

Na resposta, Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, disse que "o problema está resolvido" e que os militares não vão marcar presença na cerimónia.