Ao trabalho

Os trabalhadores do futebol são, além dos mais bem pagos em Portugal, aqueles que têm direito a períodos de férias mais prolongadas e repartidas por períodos diversos.

A não ser por aceitáveis razões que têm a ver com climas rigorosos de Inverno, em nenhum outro país da Europa é conhecida uma situação semelhante à nossa.

Há mesmo exemplos, como é o caso especial da Inglaterra, em que os campeonatos atingem momentos de raro entusiasmo na quadra festiva quase a terminar.

Entre nós, os jogadores acabam de ser prendados com uma longa dispensa de serviço no período de Natal que deu origem a que o campeonato da primeira liga, suspenso em 16 de Dezembro, só regresse neste fim-de-semana, portanto cerca de 20 depois de se ter disputado a 12ª jornada.

Dir-se-á que, pelo meio, o calendário federativo contemplou a disputa de alguns jogos da Taça da Liga mas, como diria o anúncio,” isso não é a mesma coisa”.

Trata-se de uma prova em que o interesse continua a ser relativizado por vários clubes por força de uma estrutura que se mantém longe de corresponder às exigências de uma competição aberta a todos com iguais possibilidades para todos, e à qual o próprio público não dispensa a mesma atenção que dedica ao campeonato.

A partir de agora a liga vai manter-se em “laboração” ininterrupta até quase finais de Março para, nessa altura, dar lugar a trabalhos da selecção nacional a qual inicia então um período delicado e decisivo quanto ao apuramento para a fase final do próximo campeonato do mundo, deslocando-se ao Azerbaijão para ali jogar no dia 26 desse mês.

No futuro mais imediato é o Benfica-Porto que começa a gerar os primeiros debates, ficando desde já a ideia de que alguns focos de discórdia possam surgir a qualquer momento.

No entanto, será de todo conveniente que todos os agentes se mantenham em bom recato deixando chegar o grande espectáculo sem atear labaredas à sua volta.