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Ribeiro Cristóvão

Regresso ao escrete

29 nov, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Scolari parece ter reunido à sua volta um largo consenso, não tendo a escolha sido alvo de qualquer contestação. Num país onde tudo é possível, até a Presidente da República, Dilma Roussef, não se coibiu de dar opinião favorável àqueles a quem competia tomar a decisão, juntando-se a ela muitas outras personalidades da vida política e social brasileira.

Regresso ao escrete

Dez anos depois de ter entrado definitivamente na história do futebol brasileiro, Luis Filipe Scolari está de volta ao lugar que tem povoado os seus sonhos.

Porém, voltar a ser seleccionador do Brasil é também para ele um pesado fardo dada a grande responsabilidade que vai enfrentar, a de ser campeão do mundo numa competição que, como se não bastasse, se realiza no seu próprio país.

Scolari parece ter reunido à sua volta um largo consenso, não tendo a escolha sido alvo de qualquer contestação. Num país onde tudo é possível, até a Presidente da República, Dilma Roussef, não se coibiu de dar opinião favorável àqueles a quem competia tomar a decisão, juntando-se a ela muitas outras personalidades da vida política e social brasileira.

E, de um muito alargado leque de nomes do futebol, vieram também palavras de assentimento.

Até, imagine-se, o antigo jogador e agora deputado federal Romário, um dos excomungados de Filipão no campeonato mundial de 2002, deu o seu voto de confiança.

Luis Filipe Scolari levava clara vantagem sobre todos os demais pretendentes ao lugar.

Para além da enorme experiência a nível interno, os últimos anos permitiram-lhe angariar um conhecimento mais profundo sobre o futebol internacional.

A passagem pela selecção portuguesa e por diversos clubes europeus deram-lhe a possibilidade de reforçar as suas ideias sobre a evolução no velho continente e, ao mesmo tempo, acompanhar mais de perto os jogadores brasileiros que actuam longe do continente sul-americano.

É verdade que a selecção do Brasil não tem a qualidade de outros tempos, o que faz aumentar a sua responsabilidade, mas Scolari não tem por hábito virar a cara às dificuldades, mesmo sabendo que no seu país a contestação pode surgir a cada momento e por uma qualquer razão desprovida de sentido.

Especialista em conduzir equipas em torneios de curta duração, como são os campeonatos do Mundo e da Europa, o novo seleccionador tem uma oportunidade de ouro para fazer refulgir a estrela que tantas vezes o tem acompanhado.

Mas que poderá também transformar-se na guilhotina que corte de vez as suas ambições no reino do futebol.