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Ribeiro Cristóvão

Pausa para fazer contas

18 out, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Jogar para o segundo lugar é, nesta altura, o objectivo mais realista dos comandados de Paulo Bento, mas tristemente confrangedor se tivermos em conta a nossa presença ininterrupta em competições internacionais durante quase duas dezenas de anos.

Pausa para fazer contas

Portugal empatou frente à Irlanda do Norte, a Espanha segui-lhe o rasto, não tendo sido capaz de levar de vencida a França no estádio Vicente Calderón, em Madrid, a Inglaterra também se ficou por um empate na Polónia e, para completar o ramalhete, a Alemanha foi surpreendida em casa, frente à Suécia, ao consentir um estranho 4-4, depois de ter estado a vencer por 4-0. Deste emaranhado de empates apenas se salvaram a Itália e a Holanda, para citarmos apenas os países de maior cotação

Poderia parecer, assim, que a Europa futebolisticamente mais desenvolvida ficou em estado de choque após esta ronda mundialista, mas não é assim porque, à excepção dos portugueses nenhum dos outros perdeu o controlo das operações, mantendo os lugares de topo nas tabelas dos grupos de que fazem parte.

Mas o aviso vai ser certamente tido em conta. E a jornada em que voltarão a ser chamados, lá para Março do próximo ano, vai permitir-lhes confirmar que o caminho para o Brasil continua livre de obstáculos, o que não acontece com a selecção portuguesa, que passou a estar dependente do que terceiros vão ou não ser capazes de fazer.

Quando há alguns meses se realizou o sorteio para a fase de apuramento, que já vai entrar na quinta jornada, todos nos lembramos da onda de euforia que então percorreu o país: afinal, a sempre tão desejada "sorte" acabara de nos oferecer a agradável prenda de poder contar com adversários de reduzida estatura para poderem opor-se com êxito a uma selecção cotada como a terceira melhor do mundo.

Neste caso, apenas a Rússia poderia causar alguma apreensão mas, por se tratar de uma equipa em fase de reconstrução, não deixaria de se tornar presa fácil das nossas "feras" e da capacidade colectiva que o recente Campeonato da Europa deixara bem à vista.

O tempo que seguiu chama-nos agora a outra realidade: com apenas sete pontos em doze possíveis, em igualdade na tabela com Israel, que nos espera na jornada seguinte em Tel-Aviv, e sem que em qualquer dos jogos já disputados tenhamos realizado uma só exibição convincente, eis-nos perante a necessidade de lançar de novo mão à calculadora, quando ainda estamos a seis jornadas do fim, confrontados com a quase impossibilidade de lá chegar no primeiro lugar, com acesso directo à festa brasileira de 2014.

Jogar para o segundo lugar é, nesta altura, o objectivo mais realista dos comandados de Paulo Bento, mas tristemente confrangedor se tivermos em conta a nossa presença ininterrupta em competições internacionais durante quase duas dezenas de anos.