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Ribeiro Cristóvão

Regressa o fantasma

17 out, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Chegar ao fim da quarta jornada da fase de apuramento com o magro pecúlio de sete pontos num grupo que, à partida, parecia não envolver grandes dificuldades, pode significar o comprometimento do objectivo.

Regressa o fantasma

Pode ter deixado marcas muito profundas, o empate consentido ontem à noite no Dragão pela selecção portuguesa, fazendo regressar o fantasma da não qualificação, neste caso para o Mundial do Brasil em 2014.

Chegar ao fim da quarta jornada da fase de apuramento com o magro pecúlio de sete pontos num grupo que, à partida, parecia não envolver grandes dificuldades, pode significar o comprometimento de um objectivo que a fragilidade de quase todos os concorrentes não permitia no início alimentar muitas dúvidas.

Só que as carências que já se haviam tornado visíveis em alguns dos três jogos anteriores, nos quais nunca conseguimos uma só exibição que a todos deixasse tranquilos, voltaram ontem a acentuar-se perante um adversário de pouca qualidade, mas que acabou por se tornar um verdadeiro quebra-cabeças.

O seleccionador terá recolhido do jogo com os irlandeses alguns ensinamentos que podem ser úteis para o futuro. Insistir em jogadores de discutível dimensão para integrar um grupo com os pergaminhos e as ambições que a selecção portuguesa justifica, e não alterar processos de jogo que já se revelaram ineficazes, terão forçosamente de dar lugar a mudanças se não queremos ficar em casa daqui por dois anos.

Tal como as coisas ficaram após o desafio com a Irlanda do Norte, voltámos a uma situação recorrente: a partir de agora passamos a depender não apenas das nossas capacidades, mas também dos deslizes de alguns adversários directos.

Com cinco pontos de avanço, a Rússia tem a qualificação directa ao seu alcance, restando a hipótese de um bom segundo lugar que assegure a ida aos malfadados play-off.

Convirá, para que tal aconteça, que a selecção portuguesa não se deixe surpreender pelo próximo adversário, Israel, frente ao qual a atitude terá de ser diferente.

Pepe dizia ontem, após o jogo no Dragão, que “há coisas a resolver no balneário”. Esperemos que não esteja a caminho mais uma daquelas turbulências em que o nosso futebol é fértil e que, normalmente, não prenunciam nada de bom.

Este é o momento para unir e não para fraccionar.