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Ribeiro Cristóvão

Manolo Vidal

23 mai, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Há figuras que passam pelo futebol e deixam uma marca indelével de forte personalidade, de extraordinária competência e de uma seriedade sem limites. Estes atributos encontraram sempre em Manolo Vidal a pessoa certa para deles fazer a mais justificada exaltação.

Manolo Vidal

Há figuras que passam pelo futebol e deixam uma marca indelével de forte personalidade, de extraordinária competência e de uma seriedade sem limites. Estes atributos que raramente se conseguem reunir numa só pessoa encontraram sempre em Manolo Vidal a pessoa certa para deles fazer a mais justificada exaltação.

Faleceu ontem, deixando mais pobres os seus familiares, os muitos amigos que soube granjear ao longo da vida, e o seu clube de sempre, o Sporting, que serviu devotadamente ao longo de vários anos, tanto nos bons e nos maus momentos, primeiro como jogador, depois como dirigente de grande dedicação.

Dos muitos sucessos a que ficou ligado ao serviço do clube de Alvalade, destaca-se a conquista do último campeonato nacional na temporada de 2001/2002, sendo a equipa então comandada pelo romeno Laszlo Boloni, com  Manolo Vidal a exercer funções de principal responsável pelo departamento de futebol.

Dele ficam muitas imagens de um verdadeiro cavalheiro e de um desportista de alto gabarito, respeitador permanente de todos os adversários.
 
Uma há, porém, que muitos adeptos recordarão para sempre. Quando em qualquer jogo, em Alvalade, se procedia a uma substituição, Manolo Vidal lá ia ao centro do terreno exibindo a placa com os números dos jogadores envolvidos nessa operação, sempre com a preocupação extrema de não pisar o emblema do clube, pintado nesse tempo na relva, junto à linha lateral.

Pertenceu-lhe também uma confissão de culpa, quando um agora famoso jogador, produto das escolas do Sporting, ousou fazer lamentáveis declarações a respeito do clube ao qual tudo devia. “Apenas conseguimos que se tornasse num bom jogador, porque pelos vistos falhámos na sua educação. Temos pois de nos penitenciar por isso”, palavras suas.

Recordar Manolo Vidal nesta hora é, sobretudo, prestar-lhe a homenagem que merece como um homem que passou pelo futebol com enorme dignidade que, infelizmente, nem sempre faz escola no dirigismo português.