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Ribeiro Cristóvão

Chaga incurável?

02 fev, 2012 • Ribeiro Cristóvão

"Em entrevista à Renascença, Joaquim Evangelista recuperou a questão dos salários em atraso que alastra a vários clubes da primeira liga, e nalguns casos atingindo até três meses".

O Presidente do Sindicato dos Jogadores voltou ontem a colocar o dedo na ferida, tentando trazer de novo para o debate uma questão recorrente que está a matar lentamente o futebol.

Em entrevista à Renascença, Joaquim Evangelista recuperou a questão dos salários em atraso que alastra a vários clubes da primeira liga, e nalguns casos atingindo até três meses.

Não é um problema novo, antes o arrastar de uma situação tantas vezes escamoteada pelo silêncio cúmplice e a indiferença de muitos responsáveis perante problemas de ordem social criados a jogadores que para lá dessa condição são homens e responsáveis por agregados familiares, quase sempre os principais atingidos.

Todos sabemos que esta situação resulta da incapacidade dos clubes de gerarem receitas suficientes para cobrir os encargos assumidos, mas também, e especialmente, porque os seus responsáveis nunca foram capazes de adoptar políticas salariais correctas,  devidamente adaptadas à capacidade de as satisfazer.

O cidadão comum espanta-se mas sobretudo revolta-se quando ouve falar em ordenados principescos de jogadores de futebol, sobretudo dos clubes mais importantes.

Numa sociedade como a nossa que se vê todos os dias confrontada com novos e mais agravados problemas, o que se passa com o futebol não a pode deixar indiferente.

Só que a realidade fica muitas vezes aquém desse paraíso terreno, e tal como o Presidente do Sindicato acaba de acentuar, parece estarmos perante uma chaga social incurável para a qual não vai ser fácil encontrar remédio.

A situação financeira de muitos clubes está a degradar-se a olhos vistos e, nalguns casos, o recurso a fundos para aí converter passes de jogadores em dinheiro, mais não representa do que uma panaceia para resolver problemas de gestão corrente. 
 
Não estará longe o tempo em que vai ser necessário adoptar uma política salarial mais condizente com a realidade.

Sem esta atitude séria dos seus dirigentes, o futebol corre o risco de se degradar a curto prazo.