Parabéns ao Rei

Passam hoje setenta anos sobre o dia em que no bairro pobre da Mafalala, na antiga Lourenço Marques, dona Elisa trazia ao mundo aquele que mais tarde haveria de transformar-se no orgulho de todos os portugueses.

Eusébio da Silva Ferreira, ou simplesmente Eusébio, reconhecido por todo o mundo como um dos maiores futebolistas de todos os tempos, ensaiava, poucos anos volvidos, os primeiros pontapés na bola de trapos, ainda sem imaginar que o futuro lhe reservava um ceptro e uma coroa.

Não foi preciso muito tempo para que os olheiros de então começassem a apontar o dedo para o menino fenómeno que, logo a seguir, um avião transportaria, incógnito, para a metrópole. A rábula do seu vínculo ao Benfica e as peripécias que então aconteceram pelo meio, fazem parte da história que já toda a gente conhece.

E a história do seu sucesso também. Tanto ao serviço do Benfica, como da selecção nacional. Eusébio esteve nos momentos mais marcantes do futebol português, ajudou a escrever páginas inesquecíveis, e proporcionou-nos a todos momentos de rara felicidade.

Ao longo dos anos em que andou a correr atrás da bola fez golos impossíveis e arrebatou o mundo com a sua arte incomparável, mesmo naquelas fases mais difíceis em que o sacrifício lhe pedia que se mantivesse em campo.

Não é fácil, hoje, encontrar palavras para celebrar a magia de Eusébio e a forma como sempre interpretou a paixão que lhe ia na alma de tudo fazer para realizar o sonho de muitos adeptos.

Venha quem vier a seguir, Eusébio será sempre o nosso Rei. O trono que com modéstia ocupa há largos anos tem apenas um lugar, construído pela gratidão de todos, mas sobretudo daqueles que um dia tiveram a felicidade de o ver fazer jogadas soberbas e garantir vitórias que a memória do tempo vai guardar como um tesouro inexpugnável.