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Ribeiro Cristóvão

Queridos inimigos

29 nov, 2011 • Ribeiro Cristóvão

Os tempos mudaram e hoje a gestão dos clubes obriga a comportamentos diferentes, porque começa a estar em causa a sua própria existência.

Queridos inimigos

O velho derby disputado no passado sábado, e que ficou marcado por momentos de tanta e tão rara emoção, parece estar ainda longe de chegar ao fim.

Por isso, o prolongamento a que está a ser submetido por alguns dirigentes de ambos os clubes não indicia nada de bom, sendo que, independentemente do resultado registado em campo, se possam prever outras consequências que vão para além do simples resultado do jogo.

Não faltaram avisos ao longo da semana que antecedeu o aguardado acontecimento.

As sinetas tocaram em vários lados, como que a adivinhar a aproximação de nuvens mais carregadas, mas todos fizeram ouvidos moucos, como que a preparar-se para o combate que parecia inevitável, e tanto como isso, desejável.

Os factos são conhecidos.

O confronto verbal que provocou já foi longe de mais, pelo que o debate gerado à sua volta deixa, a partir de agora, de encontrar explicação.

Para evitar futuros males maiores, seria por isso altura de colocar uma pedra sobre o assunto, passando os dirigentes dos dois clubes a abordar outras questões bem mais importantes que por esta altura os devem preocupar com toda a certeza, e que têm a ver com a sobrevivência das empresas desportivas a que presidem

Ao longo de décadas, as relações entre Benfica e Sporting raramente passaram de uma ficção.

Mesmo naqueles momentos em que tudo parecia correr bem, e em que ambos centravam o fogo no inimigo comum, o Futebol Clube do Porto, que dava mostras de uma superioridade evidente dentro e fora do campo, raras eram as vezes em que não surgiam pequenos atritos a impedir a máquina de funcionar na perfeição.

Os tempos mudaram e hoje a gestão dos clubes obriga a comportamentos diferentes, porque começa a estar em causa a sua própria existência.

De costas voltadas, revelando pouca capacidade para contrariar as suas próprias massas associativas que se preocupam apenas com os resultados do presente, e escondendo-se da realidade que tão bem conhecem, os dirigentes actuais só têm uma saída: entenderem-se e unir esforços para a resolução dos problemas que os afectam a todos.