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Ribeiro Cristóvão

Espanhóis

08 nov, 2011 • Ribeiro Cristóvão

Além da reacção imediata de Capel, o louvável gesto de procurar no hospital os acidentados do dia anterior para os reconfortar com a sua presença e as suas palavras, é uma pérola no meio do lamaçal de que aqui traçámos um histórico muito resumido.

Espanhóis

O tempo tem-nos ensinado que, reforçando o dito popular segundo o qual “de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, nem sempre os vizinhos aqui do lado têm sido muito recomendáveis.

Sobretudo tendo como motivo o futebol, os incidentes têm-se repetido ao longo dos anos, e a verdade é que vamos ficando quase sempre a perder.

Para não recuar muito no tempo, poder-se-à lembrar o calvário percorrido por Luís Figo depois de ter protagonizado uma das mais polémicas transferências de sempre, saindo do Barcelona para passar a representar o Real Madrid.

Então, só a força do carácter do nosso antigo e prestigiado internacional tornou possível ultrapassar as barreiras e os insultos que todos os dias lhe saíam ao caminho.

Na actualidade, as vítimas mais apetecidas passaram a ser José Mourinho e Cristiano Ronaldo.

Quem acompanha a imprensa do país vizinho, e se depara com agressões permanentes a estas duas renomadas figuras vindas, tanto de jornalistas como do público anónimo que frequenta as redes sociais, não pode deixar de sentir uma enorme repugnância face a tão descabeladas atitudes.

Cristiano Ronaldo não passa um jogo fora do estádio Santiago Bernabéu em que não passe por verdadeiro tormento com insultos de toda a ordem e até tentativas de cobarde agressão à mistura.

Chegou-se agora ao cúmulo de também ter sido atingido com ofensas verbais monstruosas o jovem filho do treinador do Real Madrid, de apenas 12 anos, cujo único crime é ser descendente do melhor treinador do mundo.

Mais recentemente, e a confirmar-se a manifestação de racismo de Javi Garcia para com dois jogadores do Sporting de Braga, após o jogo disputado no domingo no estádio minhoto, a mesma apenas poderá ser entendida como uma extensão da dificuldade que alguns manifestam em conviver desportivamente com os seus adversários.

Há, felizmente, no meio destes atropelos às boas relações que deveriam pautar a conduta de todos quantos se envolvem no Desporto, uma excepção que não pode passar sem um destaque especial.

Tem um nome, e chama-se Diego Capel.

Involuntariamente, esteve na origem de um incidente que poderia ter causado danos irreversíveis em dois adeptos do Sporting, que disputavam a posse da camisola do jogador após o desafio com a União de Leiria.

Para além da reacção imediata de Capel, o louvável gesto de procurar no hospital os acidentados do dia anterior para os reconfortar com a sua presença e as suas palavras, é uma pérola no meio do lamaçal de que aqui traçámos um histórico muito resumido.