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Ribeiro Cristóvão

Maré cheia continua

08 jun, 2015 • Ribeiro Cristóvão

Depois de ter justificado publicamente o despedimento de Marco Silva através de um comunicado bastante inócuo, o presidente do Sporting reagiu aos críticos em termos pouco encomiásticos e contundentes, deixando bem claro quem é o presidente do Clube. Jorge Jesus, esse, está de férias, descansado.

A discussão à volta da mudança de treinadores nos dois principais clubes de Lisboa continua a dar indícios de que tudo está muito longe de chegar ao fim. A cada momento surgem dados novos para sustentar as polémicas vindas da semana anterior, são muitos os desmentidos, do mesmo modo que há também algumas confirmações.

Depois de ter vindo a público para, primeiro tentar justificar o despedimento de Marco Silva através de um comunicado bastante inócuo, o presidente do Sporting foi depois muito claro quando, em apenas dois minutos, tornou público aquilo que já se sabia, isto é, a contratação de Jorge Jesus por um período de três anos.

Os números expressos nesse contrato, que Marques Mendes na televisão considerou “pornográficos”, continuaram a ser objecto de críticas muito aciduladas. Mas foi o despedimento de Marco Silva que fez subir o tom dessas críticas, com várias figuras afectas ao clube do leão a manifestarem-se contrárias à forma como esse desenlace se processou, culpando directamente Bruno de Carvalho por uma iniciativa considerada imoral.

O presidente do Sporting reagiu de imediato e ontem mesmo aproveitou uma visita a Alenquer para se dirigir em termos pouco encomiásticos a antigos dirigentes, políticos e até a um Capitão de Abril. E fê-lo em termos contundentes, deixando bem à vista a ideia de que não vai deixar apenas para Jorge Jesus o protagonismo à frente do Clube.

Jorge Jesus, de férias nos Estados Unidos enquanto não deita mãos ao trabalho está, no entanto, suficientemente tranquilo e confortável. É que o seu advogado, quando abandonou Alvalade, depois de ter confirmado o contrato entre o treinador e o Clube, era portador, além de dois cheques bem nutridos, de 36 garantias bancárias condizentes com os 36 meses a que corresponde a sua ligação à nova entidade patronal.

Sabendo certamente daquilo que havia sucedido a Marco Silva, ou seja o despedimento por justa causa, Jorge Jesus quis prevenir-se antes de ter de (eventualmente) remediar.

Daqui se conclui que o presidente do Sporting aceitou todas as exigências que o seu novo treinador decidiu colocar em cima da mesa.