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Ribeiro Cristóvão

Trair a expectativa

27 abr, 2015 • Ribeiro Cristóvão

Aquilo a que foi possível assistir ontem nada teve a ver com um grande jogo, que pudesse acrescentar prestígio ao campeonato português.

Os 63.000 espectadores que encheram ontem o estádio da Luz para assistir ao tão ansiado clássico protagonizado pelo Benfica e Futebol Clube do Porto saíram de cabeça baixa no termo de noventa minutos de um jogo de fraca qualidade, incapaz de justificar a categoria de um bom punhado de jogadores que ali estiveram em representação de dois emblemas diferentes.

Um jogo aguardado há meses com enorme expectativa, que poderia, inclusivé, contribuir decisivamente para a definição do título de campeão, foi afinal o espelho da qualidade do futebol português, que apenas exibições pontuais em competições europeias conseguem salvaguardar.

Num campeonato em que o interesse se centra num escasso número de desafios, quando, nas actuais circunstâncias, Benfica e Porto se defrontam, as atenções quase não dão importância ao resto do calendário. E foi isso que voltou a acontecer desta vez.

Só que aquilo a que foi possível assistir ontem nada teve a ver com um grande jogo, que pudesse acrescentar prestígio ao campeonato português.

Num desafio sem golos – não poderia, afinal, ser outra forma – o Benfica somou maiores proveitos, mantendo os portistas a uma distância confortável e enfrentando agora um calendário que não lhe acarreta grandes preocupações.

Com quatro jogos para disputar, dos quais dois em Barcelos e em Guimarães, a equipa de Jorge Jesus apenas terá de se munir de todas as cautelas para assim evitar percalços desagradáveis.

Quanto aos portistas, caminham para um final de época vazio de conquistas, contrariando aquilo que se previu quando o grupo avançou, em Agosto, para as diversas competições servido por um plantel de muita qualidade.

Há aqui matéria para longa e séria reflexão, à qual os responsáveis não vão seguramente furtar-se, como sempre tem acontecido.