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Ribeiro Cristóvão

Estranha chicotada

18 mar, 2015 • Ribeiro Cristóvão

Quase a atingir o centenário, com uma história muito rica enriquecida por figuras históricas que o serviram, o Belenenses não sai engrandecido pelos acontecimentos das últimas horas.

A mais estranha chicotada psicológica a que já se assistiu no futebol português aconteceu no clube de futebol Os Belenenses, com a saída de Lito Vidigal do comando da equipa principal de futebol e sua substituição por Jorge Simão, até aqui treinador do Mafra.

As relações de Lito Vidigal com o presidente da SAD dos azuis há muito ameaçavam romper-se. Declarações provocatórias e, nalguns casos, ofensivas até, trazidas a público pelas duas partes praticamente desde o começo da temporada, sempre deixaram adivinhar o desenlace que agora se consumou.

Pelo meio, a equipa de futebol foi cumprindo. E a verdade é que no campeonato da primeira Liga, o Belenenses se encontra no sexto lugar da classificação, com 36 pontos conquistados, o que lhe garante não apenas total tranquilidade, mas igualmente a possibilidade de ainda poder discutir uma presença nas competições europeias da próxima época.

Daqui resulta uma maior dificuldade em perceber o que agora se passou e quem devem ser assacadas responsabilidades.

O Belenenses é, actualmente, o único clube português que tem direcção bicéfala, com Patrick Morais de Carvalho no clube, e Rui Pedro Soares na SAD, situação estranha e bizarra que seria certamente inaceitável numa colectividade com outra dimensão.

Quase a atingir o centenário, com uma história muito rica enriquecida por figuras históricas que serviram o clube da Cruz de Cristo, das quais nos permitimos destacar, entre muitas, o futebolista Matateu e o dirigente Acácio Rosa, o Belenenses não sai engrandecido pelos acontecimentos das últimas horas.

Chegar a um clube munido de um livro de cheques com farta provisão, não basta para assegurar uma gestão correcta e preocupada com a salvaguarda de uma História que exige respeito absoluto. É necessário um perfil que nem sempre é fácil encontrar.

Os novos tempos por que passa o futebol permitem muita coisa, mas não justificam tudo.