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Ribeiro Cristóvão

Optimismo moderado

11 jul, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Apenas um voto: oxalá a final do Maracanazo não venha a transformar-se num bocejo, com duas equipas mais empenhadas em não perder, do que viradas para o soberbo espetáculo que este campeonato merece no seu acto final.

Os dois últimos dias do Mundial de Futebol-2014 vão ser marcados por sentimentos completamente diferentes.

No sábado, o Brasil-Holanda não consegue arrebatar o entusiasmo de um povo ainda não refeito do enxovalho de terça-feira, e nem sequer os jogadores que vão estar dos dois lados deixam transparecer interesse por um encontro que apenas encaram como uma inevitável obrigação.

Quem pensa que o grupo comandado por Scolari deseja muito este embate com os holandeses para poder lavar um pouco a face, que se desengane. As marcas deixadas pela goleada frente à Alemanha são de tal modo profundas que nem as próximas décadas ajudarão a limpar.

Já os homens de Van Gaal entendem que o jogo para apuramento dos terceiro e quarto lugares é um puro desperdício não fazendo qualquer sentido a sua inclusão no calendário.

Já em relação à final de domingo as expectativas estão ao rubro. De um lado e de outro.

Reconhecendo a força actual da selecção germânica, uma larga faixa de quantos se interessam por este mundial não hesita em conceder-lhe favoritismo.

Do lado oposto, nem Messi faz subir a cotação argentina, sobretudo porque o astro ainda não logrou realizar uma exibição ao seu nível.

Ainda que as apostas tenham, em grande escala, um cunho marcadamente alemão, é curioso observar o tom moderado dos jogadores de Joaquin Low.

Apesar de conscientes da sua qualidade, nem um sequer ousa esquecer que o futebol é um jogo, tantas vezes dependente e sujeito aos maiores imponderáveis.

Veremos no domingo quem faz a festa.

Apenas um voto: oxalá a final do Maracanazo não venha a transformar-se num bocejo, com duas equipas mais empenhadas em não perder, do que viradas para o soberbo espetáculo que este campeonato merece no seu acto final.

Pelo muito que o Brasil nos deu nos últimos sessenta anos, será uma homenagem de inteira justiça a um país e a um povo que ama o futebol como nenhum outro.