O outro lado

Ao contrário do que seria previsível há poucas semanas, o Real Madrid passou a correr o sério risco de não conseguir vencer este ano o campeonato da Espanha.

Após duas derrotas consecutivas, os arqui-rivais Atlético de Madrid e Barcelona ganharam-lhe algum avanço que agora vai ser difícil de anular, não obstante haver ainda sete jornadas para disputar.

É verdade que da lista de objectivos dos merengues constam ainda a Taça do Rei e a Liga dos Campeões, sobretudo esta, mas deixar fugir o título de campeão que sempre pareceu tão perto em benefício do duo que lhe segue na dianteira, pode vir a traduzir-se num revés de consequências incalculáveis.

Por tudo isto, é visível já algum mal-estar entre a sempre muito exigente massa associativa do principal clube da capital espanhola. Que chegou ao ponto de, na última jornada, Cristiano Ronaldo ter sido fortemente vaiado pela simples razão de não ter passado a bola a um colega melhor colocado para visar a baliza, no decorrer do jogo com o Rayo Vallecano. No fundo, um incidente vulgar que nem sequer justificava grande alarido.

Mas o caso tem sido largamente dissecado pela imprensa espanhola, sempre à procura de pequenas coisas que possam alimentar as suas diárias centenas de páginas.

Por isso, para evitar males maiores, as claques organizadas do Real Madrid saíram rapidamente a terreiro para defender o jogador português, que dizem apoiar incondicionalmente, porque o consideram um membro da família madridista, e em relação ao qual não podem sentir outra coisa senão orgulho.

Seja como for, este incidente, aparentemente insignificante, não deixa de constituir um aviso para Ronaldo, cujo profissionalismo não poder ser colocado em causa e muito menos  é merecedor de manifestações hostis e sem sentido com a de sábado passado, no estádio Santiago Barnabéu.

É o outro lado da moeda, que tantos futebolistas, como ele notáveis, têm também conhecido ao longo das suas vidas.

Ao escrever sobre tudo isto, lembrei-me, não sei porquê, de Quaresma…