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Ribeiro Cristóvão

Sem surpresa

24 fev, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Há algum tempo que o FC Porto acumula maus resultados e exibições pouco convincentes. E o regresso às competições europeias também não foi de bom augúrio.

Já no início deste mês havíamos aqui questionado o percurso pouco consistente da equipa principal do Futebol Clube do Porto, (Quo vadis, Porto?) e o que então parecia ser já a inevitabilidade de chegar a um beco de difícil saída, capaz de provocar uma ruptura para a qual a família portista não está preparada.

Acumulavam-se os maus resultados e as exibições pouco convincentes, a deixar a ideia de que iria tornar-se cada vez mais complicado evitar o distanciamento do Benfica, o mais directo competidor, e até do Sporting, caso este retomasse a regularidade que foi seu timbre até às derradeiras semanas do ano anterior.

O regresso às competições europeias também não foi de bom augúrio. Na Liga Europa, frente a uma equipa alemã de segunda linha, o campeão português não evitou que o cutelo lhe ficasse sobre cabeça, à espera da sentença que pode chegar daqui por três dias, repetindo-se assim aquilo que já fora a desastrada passagem pela Liga dos Campeões.

Não foi, por isso, com grande surpresa que se assistiu à derrocada, ontem à noite, frente à sempre bem organizada equipa do Estoril Praia, comandada por um jovem treinador de quem seguramente iremos ouvir falar muito e bem nos tempos que se avizinham.

E o treinador dos dragões, Paulo Fonseca, voltou também à primeira linha da contestação.

O que se passou dentro e fora do estádio já pertence ao passado, mas não deixará de ter consequências no futuro imediato. É que os momentos marcados por alguma turbulência, nem sempre fácil de controlar, surpreenderam pelo ineditismo quem, há muitos anos, vivia habituado ao maior dos sossegos, e à exaltação de vitórias a fio, que agora parecem à beira de ser interrompidas.

Só o presidente do FC Porto, que se assume sempre tanto nos bons como nos maus momentos, saberá qual o melhor caminho a seguir. Responsável pela contratação de Paulo Fonseca, o líder portista ainda recentemente deixara bem à vista a sua indisponibilidade para dar o braço a torcer, mesmo perante um ciclo cada vez mais difícil de inverter, não dando importância às exigências de uma massa associativa cada vez menos submissa.

As próximas horas, os dias que aí vêm, ajudarão a perceber qual o caminho a seguir.
Parecendo já não haver espaço para recuos, e porque o poder não poder cair na rua, há que decidir com coragem e depressa.

As soluções poderão ser poucas nesta altura. Mas ainda há algumas.