Um dos temas que tem merecido debate permanente no seio do nosso futebol tem a ver com a quantidade de jogadores estrangeiros utilizados pelos clubes portugueses.
Não é uma questão de agora, mas em boa verdade há que dizer que tem sido nos últimos anos que essa tendência mais se tem acentuado.
Números agora vindos a público renovam as preocupações que alguns responsáveis têm manifestado, repetidas vezes, ao longo do tempo.
Estão em causa, sobretudo, aspectos que se relacionam com a ausência de formação numa grande parte dos nossos clubes, o que os obriga a socorrerem-se do mercado estrangeiro.
Segundo o “Estudo Demográfico” elaborado pelo “Observatório do Futebol”, com origem na Suíça, FC Porto e Benfica estão no topo da lista dos clubes nacionais que contam com mais jogadores vindos de outras paragens nos seus plantéis, 83 e 79 por cento, respectivamente.
A nível europeu este ranking é também preocupante: apenas o Inter de Milão, com 88 por cento, está à frente dos dragões, estes em segundo lugar, enquanto o Benfica ocupa a oitava posição em pé de igualdade com a Fiorentina, igualmente de Itália.
Estes dois grandes lideram assim a tabela de estrangeiros a actuar em Portugal, à frente de Rio Ave, Académica e Sporting, sendo o Belenenses o clube que menos se socorre de atletas não nacionais, mas estando todos estes muito distantes do top 20.
De costas virados para a formação, muitos responsáveis têm justificado esse abandono com os elevados encargos que a mesma consome, sem que muitas vezes haja retorno que justifique a sua manutenção.
Terão, por isso, de ser encontrados mecanismos que defendam os direitos dos clubes face ao investimento a que são obrigados.
Porque importante é não desperdiçar os incontáveis talentos que despontam todos os dias, mas que depois se perdem porque não são trabalhados da forma mais conveniente.
Este é um tema sempre actual, mas tudo aquilo que se passou à volta de Cristiano Ronaldo em meia dúzia de dias, trazem-no de novo à discussão.
Que ninguém fique de fora.