Emissão Renascença | Ouvir Online

Ribeiro Cristóvão

Trocas e baldrocas

18 dez, 2013

Tornou-se frequente assistirmos à naturalização de jogadores estrangeiros, raramente com outro objectivo que não seja o de, por essa via, ter acesso às selecções nacionais.

Trocas e baldrocas
Tornou-se frequente assistirmos à naturalização de jogadores estrangeiros, raramente com outro objectivo que não seja o de, por essa via, ter acesso às selecções nacionais.

E isto não se verifica apenas no futebol mas, em boa verdade, foi quando tal prática chegou ao desporto-rei que assumiu foros de grande mediatismo.

Pelo meio, as reminiscências do passado levam-nos ao polémico caso levantado no seio da Federação Portuguesa de Andebol quando, no ano de 1977, conseguiu a naturalização apressada de dois jogadores do leste europeu, para assim poderem participar no Campeonato do Mundo que nesse ano se realizou no Japão.

No futebol, tais casos não têm conta. Uns mais recentes e de enorme impacto, como foram os casos de Deco, de Pepe e de Liedson, outros já perdidos no tempo, pois só os mais antigos se lembrarão, por exemplo, de David Julius, um sul-africano a actuar no Sporting, que acabaria por vestir também a camisola das quinas no dealbar dos anos sessenta.

Fernando, médio brasileiro do FCPorto, tornou-se há poucos dias, cidadão português na conclusão de um processo que se arrastou por alguns meses, apresentando-se a partir de agora também disponível para representar a selecção nacional, se Paulo Bento entender como necessária a sua convocação.

No entanto, teve diversos contornos esta aquisição de nacionalidade. Ainda em Janeiro deste ano, Fernando afirmava ao jornal brasileiro Globoesporte o  desejo de chegar à selecção do seu país, rejeitando liminarmente a possibilidade de se naturalizar português.

“No Brasil, há quem pense que sou português, mas não sou. É impossível. Mesmo que alguém me procurasse para me naturalizar eu recusaria, pois o meu sonho é o Brasil. Tenho a certeza que um dia irei vestir a amarelinha”, disse então o influente jogador dos dragões.

Varridas da memória estas palavras, e porque começaram a parecer escassas as possibilidades de representar o escrete, Fernando manifesta agora desejo contrário.

Ou seja, o futebol não pára de nos surpreender com lições novas para todos os gostos em que tropeçamos todos os dias.