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Ribeiro Cristóvão

Barco ao fundo

18 mai, 2013

Faltou ao Real Madrid da era Mourinho vencer a Liga dos Campeões, o mais cobiçado troféu para juntar aos nove que o clube se orgulha de mostrar na sua sala de taças.

Barco ao fundo

Esta sexta-feira representava o "Dia D" para José Mourinho e, por arrastamento, para toda a equipa do Real Madrid. Frente ao seu grande rival madrileno, os merengues estavam perante a derradeira oportunidade de encerrar a época ganhando pelo menos um título.

Ainda que vencendo, nunca seria um saldo exigível a um grupo multi-milionário que se bateu em muitas frentes, mas das quais foi sendo paulatinamente afastado, tendo daí resultado uma onda de contestação enorme ao treinador de Setúbal e, por extensão, a muitos jogadores que permaneceram sob sua orientação, com especial apetência pelos de origem portuguesa.

Ao sair vergado ao peso de uma derrota humilhante no seu próprio estádio, para mais também  marcada pelas expulsões das suas figuras mais representativas (Mourinho e Ronaldo), o Real Madrid vai terminar a época mergulhado em dúvidas quanto ao futuro,
O barco acaba de ir ao fundo, ninguém da tripulação se salva, o treinador português conhece o seu maior revés, para gáudio de uma boa parte dos jornalistas de Espanha.

A relação de José Mourinho, mais com a imprensa espanhola do que com os adeptos,  nunca se afastou muitos desses parâmetros, começando há muito a ser visíveis os sinais de alguma desagregação e, mais tarde, com o caminho aberto para a ruptura que parece inevitável a cada dia que passa, e sem que seja possível imaginar um retrocesso.

O renomado e vitorioso técnico português conheceu em Espanha uma situação que não lhe tinha sido comum até à chegada a Madrid.

Embora polémico e algumas vezes contundente até nos países onde até então havia passado, jamais conheceu situações de contestação tão evidentes como aquelas que diariamente jorram dos jornais, em especial dos que se publicam na região da Catalunha.

Faltou ao Real Madrid da era Mourinho vencer a Liga dos Campeões, o mais cobiçado troféu para juntar aos nove que o clube se orgulha de mostrar na sua sala de taças. Ter ganho Campeonato, Taça e Super-Taça não chega para alimentar a fome de títulos que, do outro lado, e para azar seu, o rival da Catalunha tem ganho às mãos cheias.

Restava hoje a Copa d’El Rey. Não obstante a sua reduzida cotação, mais valia essa taça do que coisa nenhuma. Ganhar não significava a reconciliação com quantos lhe têm virado as costas, perder, e como perdeu, só pode ter servido de mote para que passe a estar perante uma dolorosa despedida com lenços brancos, o que será inédito em toda a sua carreira.