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Francisco Sarsfield Cabral

A negociação tonta

29 mai, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

Não faz sentido que a parte fraca na negociação, a Grécia, tenha adoptado atitudes provocatórias face aos credores.

Desde que, há quatro meses, se iniciaram as negociações (?) entre a Grécia, de um lado, e o Eurogrupo, o BCE e o FMI, do outro, é rara a semana em que não surge alguém ligado ao Syriza revelando que está alcançado um acordo, ou muito perto disso. Horas depois, o optimismo grego é desmentido.

Esta é apenas uma das originalidades do estilo de negociação do actual governo de Atenas. Uma posição que já levou António Costa (inicialmente um entusiasta da vitória eleitoral do Syriza) a classificá-la de “tonta”.

De facto, não faz sentido que a parte fraca na negociação, a Grécia, tenha adoptado atitudes provocatórias face aos credores. Por exemplo, há meio ano a maioria dos alemães revelava nas sondagens querer apoiar a Grécia; depois de Atenas ter agitado a questão das indemnizações devidas pela Alemanha aos gregos, por malfeitorias na II Guerra Mundial, essa maioria desvaneceu-se. A Grécia até tem alguma razão na matéria: o problema foi a ocasião escolhida para o levantar.

Talvez a explicação esteja nos radicais do Syriza, que não se resignam a abandonar o extremismo do partido.