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Infecções hospitalares: Portugal continua a ser mau exemplo

30 jul, 2014 • Anabela Góis com António Pedro e Ricardo Conceição

Em Portugal, o número de infecções continua a ser muito superior à média da União Europeia. Ainda assim, há avanços no que respeita aos programas de prevenção.

Infecções hospitalares: Portugal continua a ser mau exemplo

Todos os anos há 4,1 milhões de casos de infecção hospitalar na União Europeia. Um tipo de infecção que está na origem de um aumento considerável do número de doenças, da taxa de mortalidade e dos custos. As infecções contraídas numa unidade de saúde são directamente responsáveis pela morte de 37 mil pessoas em toda a União Europeia e têm um custo que chega aos 5,4 mil milhões de euros por ano.

A Comissão Europeia tem estado particularmente atenta a esta situação, agravada pela crescente mobilidade das pessoas e a possibilidade de beneficiarem de um tratamento médico noutro país da União Europeia. As recomendações sucedem-se e têm resultado numa maior taxa de implementação dos programas de prevenção das infecções hospitalares.

Em Portugal, o número de infecções continua a ser muito superior à média da União Europeia. Ainda assim, Portugal está a avançar no que respeita aos programas de prevenção.

A reportagem da Renascença ouviu a Associação Portuguesa de Infecção Hospitalar, que já existe há 25 anos, e que integra a EUNET PIS - a Rede Europeia para Promover a Prevenção de Infecções: “É preciso fazer mais e melhor. Mais formação e vigilância. Melhorar as acções dos profissionais. Se todos fizermos esse esforço, conseguimos melhorar estes números”, garante Abraão Ribeiro.

“Os tempos são de crise, mas a falta de meios financeiros não é responsável pelos números de infecções acima da média. A melhoria de infra-estruturas é importante, mas não há relação directa”, garante o administrador hospitalar Carlos Gant, que acha que se “devia apostar, sobretudo, na formação profissional”. 

Coordenador da Prevenção analisa a situação
O trabalho nas unidades de saúde tem mudado ao longo dos últimos anos também por causa da necessidade de controlar as infecções e prevenir a resistência aos antibióticos. São duas faces da mesma moeda, com estratégias de intervenção comuns e complementares, que se traduziram num único programa em Portugal. O coordenador do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Anti Microbianos, José Artur Paiva, em entrevista à Renascença.

Apesar de a taxa portuguesa ser o dobro da média europeia (a taxa em Portugal é de 10,5%, quase o dobro da média da União Europeia, que é de 5,7%), este responsável lembra que “ser hospitalizado é sempre um risco. Porque estamos mais frágeis e susceptíveis de apanhar mais infecções. Para além disso, os hospitais são locais com maior concentração de factores infecciosos”.

“A diferença face ao resto da Europa explica-se pela necessidade de melhorar duas coisas: diminuir probabilidade de sofrer a infecção e, por outro lado, se sofrermos a infecção, que seja uma que seja pouco resistente aos antibióticos”.