28 nov, 2017 - 22:41
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Luísa Schmidt, especialista em Sociologia do Ambiente, critica o “desleixo enorme” de Portugal na gestão dos rios com Espanha.
Em entrevista à Renascença, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa afirma que “houve um grande descuido por parte de Portugal, porque nós devíamos ter acompanhado muito mais de perto a Convenção de Albufeira” de gestão comum das águas fluviais.
“Hoje, percebeu-se que não há informação suficiente sobre quantidade e qualidade de água que passa na fronteira. Isto é um desleixo enorme da parte portuguesa”, lamenta a autora do livro “Portugal: Ambientes de mudança. Erros, mentiras e conquistas”.
Luísa Schmidt critica a decisão tomada em 2011, pela então ministra do Ambiente Assunção Cristas, de acabar com as administrações de regiões hidrográficas. “Foi um erro muito grande”, diz.
“Em 2011, acabaram com as administrações de regiões hidrográficas que faziam e ainda fazem todo o sentido, porque são formas de gerir o recurso água através dos rios, têm uma preocupação que vai desde a fonte até à foz e o cuidado de todo o rio ao longo do seu curso. Eram uma espécie de ‘Ovo de Colombo’ que existe em Espanha, em França, e que funcionam”, refere a especialista.
Nesta entrevista à Renascença, Luísa Schmidt defende que Portugal tem de mudar para aproveitar o cada vez mais escasso recurso que é a água.
“Em Portugal e Espanha, 75% da água é usada na agricultura, por isso, para conseguirmos ter água nas nossas torneiras vamos ter de criar uma agricultura que seja menos gastadora de água. E é possível fazer isso. “Por outro lado, é preciso acautelar muito as bacias hidrográficas e pouparmos água em muitas coisas. Em alguns sítios do país, como o Alentejo Lisboa ou Algarve, não faz sentido nenhum regar relvados com água de consumo”, sublinha.