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Venda de droga na "dark web" é "ameaça crescente"

28 nov, 2017 - 14:18 • Cristina Branco , com Rui Barros e Lusa

Falta de peritos com conhecimento tecnológico e tempo para investigar são as maiores dificuldades da polícia para combater esta forma de cibercrime.

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Milhões de pessoas compram droga anonimamente "online" através da "dark web". É esta a principal conclusão de um relatório elaborado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência e pela Europol, apresentado esta terça-feira, em Lisboa, que encara este comportamento como uma ameaça crescente à saúde e segurança europeia.

O relatório das entidades europeias que monitorizam este mercado ilegal estima de que cerca de dois terços das ofertas nos mercados da "dark web" - conhecidos como criptomercados, pelo uso recorrente a criptomoedas como a bitcoin - estejam relacionadas com droga, ainda que a venda seja reduzida em relação ao mercado retalhista global.

"Com alguns cliques, pode comprar-se qualquer tipo de droga na ‘Darknet’, sejam sintéticas, ‘cannabis’, cocaína, heroína ou uma série de novas substâncias psicoativas", salientou o director do Observatório, Alexis Goosdeel, durante a apresentação do estudo que reconhece a falta de conhecimentos tecnológicos das autoridades para combater esta forma de cibercrime.

O comissário europeu para os Assuntos Internos, Dimitris Avramopoulos, defendeu que a polícia precisa de "estar um passo à frente" dos criminosos em vez de "jogar à apanhada", indicando que a política tem que ser trabalho em conjunto entre autoridades policiais, administrações centrais e organismos comunitários.

"O nosso objectivo é evitar que grandes lucros provenientes da venda de drogas acabem nos bolsos de grupos de crime organizado na Europa e fora dela, mas acima de tudo proteger a saúde dos nossos cidadãos, em particular a dos nossos jovens", defendeu o comissário, na apresentação deste estudo.

O Observatório e a Europol afirmam que há, neste momento, 14 mercados "actualmente modestos, mas com significado e potencial para crescer" a funcionar.

Entre 2011 e 2016, as maiores fatias da venda de drogas pela "dark web" efectuada dentro da União Europeia provieram da Alemanha (26,6 milhões de euros), o Reino Unido, (20.3 milhões) e Holanda (17,9 milhões).

O modelo de negócio predominante é a venda a retalho, em quantidades pequenas, sobretudo de cocaína e ‘cannabis’, mas em quantidades maiores no que toca a 'ecstasy' e opióides.

Milhares de transacções permitiram à policia concluir que, nestes mercados, um grama de cocaína custa em média 84 euros e cinco gramas de ‘cannabis’ custam cerca de 60 euros.

O que é a "dark web"?

A "dark web" é o nome utilizado para se referir a todos os serviços que requerem um programa, configurações especiais ou autorizações especificas para poderem ser acedidos. Toda a "dark web" é parte daquilo que é tida como a "deep web", ou seja, toda a internet que um simples motor de busca como o Google não consegue "encontrar".

Desta forma, são muitos os utilizados que recorrem a esta forma de comunicação mais anónima para criar serviços de transacção de bens ou serviços, em tudo semelhante ao eBay ou Amazon, mas onde os seus utilizadores conseguem um certo grau de anonimato. Por isso, alguns destes "mercados" especializaram-se na troca comercial de bens ou serviços à margem da lei.

O facto de estes sites não serem facilmente detectáveis e de mudarem muito facilmente de endereço dificulta o trabalho da polícia.

Uma das ferramentas mais populares para aceder a esta "internet escondida" é a rede Tor, uma ferramenta que possibilita uma navegação mais segura e anónima, bem como o acesso a alguns destes mercados ilegais. Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas usem esta rede, quer para actividades ilegais quer para poder aceder à internet de forma livre em regimes opressivos que monitorizam a internet.

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