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​Do gabinete para o campo para ensinar a tratar das áreas ardidas

24 nov, 2017 - 19:59 • Olímpia Mairos

Academia transmontana parte para o terreno e vai demonstrar técnicas de prevenção de processos erosivos e de reposição da camada vegetal em Alvadia, no concelho de Ribeira de Pena. A área foi fustigada pelas chamas e serve de laboratório vivo para estudantes de engenharia florestal.

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Para evitar prejuízos maiores para as populações, os alunos e professores do Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) decidiram sair dos gabinetes e ir para o terreno ajudar a encontrar soluções.

O local escolhido é o baldio de Alvadia, no concelho de Ribeira de Pena, onde, em Outubro passado, foram perdidos mais de mil hectares para o fogo.

Este sábado, os estudantes e professores vão estar no terreno para aplicar técnicas várias de engenharia natural, como a hidrossementeira ou a criação de barreiras físicas a partir de material queimado, como árvores.

“São acções de demonstração de prevenção de processos erosivos em áreas que foram identificadas pelos seus gestores. A academia apenas se oferece, quer com conhecimento quer com mão-de-obra, para ir responder a solicitações que os seus habitantes ou os representantes nos colocam”, explica o professor e investigador da UTAD, Domingos Lopes.

O investigador esclarece que “a hidrossementeira é uma técnica que é utilizada em situações extremas, onde o perigo de erosão pode ser grande. Mistura água e sementes para criar um tapete verde, que se espalha nos terrenos com o objectivo de acelerar o aparecimento de vegetação”, conta Domingos Lopes.

Os trabalhos vão incidir “numa área já com erosão de solo visível, mas contígua a um lameiro”. Em simultâneo vão “tentar expandir a área de potencial para a silvo pastorícia e, ao mesmo tempo, demonstrar que é possível proteger a natureza e o solo”.

Numa outra área florestal ardida e onde o risco de erosão é grande, que tem algum solo e uma inclinação acentuada, serão introduzidas sementes de espécies que fazem parte da vegetação natural, desde os arbustos de pequeno porte, como os medronheiros, às árvores, como as bétulas.

Também o material queimado que possui menos valor económico vai ser aproveitado para criar barreiras físicas que vão ajudar a “diminuir níveis de escorrência” e “a natureza a recuperar-se”.

Segundo o professor Domingos Lopes, esta iniciativa servirá ainda para criar em Alvadia, uma espécie de laboratório vivo e de aprendizagem para os alunos da UTAD.

“Os alunos de engenharia florestal vão ter aqui, próximo de nós, um laboratório vivo de algumas destas técnicas de engenharia natural e esta é uma estrutura que está aberta a que outras áreas de conhecimento a possam utilizar como fonte de inspiração e de aprendizagem”, diz o investigador Domingos Lopes.

A acção em Avadia faz parte do programa “O inverno está a chegar”, promovido por um movimento de alunos de engenharia florestal da UTAD que visa encontrar “um conjunto de actividades que desperte consciências”.

Os alunos vão recolher ideias e contributos e querem apresentar em Março, um documento com 10 propostas e estratégias para “tornar a floresta portuguesa mais acarinhada, segura e mais eficiente”.

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  • Antonio
    25 nov, 2017 Mirandela 00:04
    Gostava de saber se os "COITADINHOS DOS INCENDIÁRIOS" que tanto trabalharam neste verão , também vão fazer parte do processo e se também se vão juntar aos alunos da UNTAD. É que pelo que estamos a ver eles vão necessitar de formação porque cada vez vai ser mais difícil a vida "DO INCENDIARIO" . Não pelo lado das autoridades de quem nunca ouvi "UMA REPROVAÇÃO" .

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