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Nutricionistas alertam. Portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação

21 nov, 2017 - 06:48

Bastonária diz que "Portugal não tem sabido utilizar" os seus recursos "a bem da alimentação dos portugueses".

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A bastonária da Ordem dos Nutricionistas afirmou que o cenário alimentar em Portugal "é catastrófico" e que os seus efeitos estão a pôr em perigo a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.

Para a bastonária Alexandra Bento, "Portugal não tem sabido utilizar" os seus recursos "a bem da alimentação dos portugueses".

"Nós temos uma prodigiosa tradição alimentar, a alimentação mediterrânica, temos profissionais de saúde de excelência", nomeadamente os nutricionistas, "mas temos um cenário alimentar que é catastrófico e que está a perigar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde", afirmou Alexandra Bento, que falava à agência Lusa a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, que decorre na terça e na quarta-feira, em Lisboa.

A bastonária explicou que os portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação: "as doenças crónicas não transmissíveis são o cenário das doenças na atualidade, morremos de doenças cardiovasculares, morremos de diabetes, de cancro e todas elas muito relacionadas com os maus hábitos alimentares".

Alexandra Bento observou ainda que, apesar de nunca se ter ouvido tanto falar da importância da alimentação para a saúde, "crescem os mitos e os falsos conceitos à volta da alimentação saudável e equilibrada".

Por outro lado, apontou, estão acentuar-se as desigualdades sociais nesta matéria. "Quem tem mais escolaridade tem mais literacia alimentar e nutricional, alimenta-se melhor, logo tem melhor saúde". E, pelo contrário, quem tem "menor escolaridade, menor nível sociocultural e económico, tem mais dificuldade de organizar a sua alimentação, logo vai ter uma saúde mais penosa", disse.

Sobre o congresso, com o tema "Um Compromisso para a Saúde", a bastonária considerou que "é um grande momento" para os nutricionistas e para os profissionais de saúde.

"A alimentação é uma temática incontornável se queremos mais saúde no nosso país e por isso formatámos este congresso com temas que consideramos que são fortíssimos", abrindo com um "grande painel" sobre "políticas públicas de saúde na área da alimentação".

Dinheiro sobre o sal deve ser aplicado na saúde

Segundo a proposta de OE2018, o Governo quer criar um novo imposto de 0,80 euros por quilo sobre as bolachas, biscoitos, batatas fritas e desidratadas e flocos de cereais, quando estes alimentos tiverem mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto, mas o PCP já disse que ia votar contra, ao lado de PSD e do CDS-PP.

"Lamento que esta medida porventura não venha a ser aprovada na Assembleia da República", mas no caso de ser homologada "a verba arrecadada" com a nova taxa deve ser aplicada em "medidas de promoção de hábitos alimentares saudáveis", defendeu Alexandra Bento.

O Governo espera arrecadar com a taxa do sal 30 milhões de euros, uma verba que, segundo Alexandra Bento, teria "uma grande importância para um grande programa de promoção da saúde, para uma grande campanha de educação alimentar", que envolvesse nutricionistas.

"Não nos podemos esquecer que temos escassez de nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde e que temos ausência de nutricionistas num palco importantíssimo que são as escolas", vincou.

Neste sentido - defendeu - não se deve perder "esta oportunidade de taxar alimentos" prejudiciais à saúde, que além de fazer decrescer o seu consumo, a verba angariada pode ser utilizada na promoção da saúde da população.

"Se de facto nós estamos a morrer dos maus hábitos alimentares é necessário criar medidas que sejam bem fundamentadas, que sejam estruturadas e que se saiba qual é o seu verdadeiro impacto", sublinhou.

Com congresso sem patrocinadores

O palco do evento é o Centro Cultural de Belém, onde são esperados mais de 500 participantes, entre especialistas nacionais e internacionais que irão debater questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no SNS ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.

O congresso não terá patrocínios, segundo a Ordem dos Nutricionistas, que pretende assim manter "a imparcialidade junto dos decisores políticos, dos organismos públicos e privados e da população em geral, dada a sua intervenção na definição de políticas na área da alimentação e nutrição".

"É óbvio que a colaboração entre nutricionistas e indústria leva a grandes progressos, tanto ao nível da inovação alimentar, como na promoção de uma melhor saúde. Mas é fundamental que esta relação esteja sempre patente e sujeita a total independência e isenção", sublinhou Alexandra Bento.

Comentários
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  • Humberto Fernandes
    11 jan, 2018 Porto 23:49
    COMENTÁRIO TÃO PENOSO: CONHEÇO TANTOS DE VÁRIAS CLASSES SOCIAIS QUE NÃO SABEM SIMPLESMENTE GERIR OS SEUS HÁBITOS ALIMENTARES OU SIMPLESMENTE NÃO OS QUEREM MUDAR. estatísticas são isso, meramente estatísticas. BEM COMO VEJO NUTRICIONISTAS A FAZEREM PLANOS ALIMENTARES DESADEQUADOS, OS CHAMADOS CHAPA 5..não me vou alongar. EU ESTUDEI MUITO NA INTERNET........... Por outro lado, apontou, estão acentuar-se as desigualdades sociais nesta matéria. "Quem tem mais escolaridade tem mais literacia alimentar e nutricional, alimenta-se melhor, logo tem melhor saúde". E, pelo contrário, quem tem "menor escolaridade, menor nível sociocultural e económico, tem mais dificuldade de organizar a sua alimentação, logo vai ter uma saúde mais penosa", disse.
  • couto machado
    23 nov, 2017 Porto 12:50
    Vasco Santana dizia que chapéus há muitos, seu palerma. Hoje em dia bastonários e bastonárias há muitos e muitas Como é que se chega a este posto, é que não sei, não quero saber e tenho raiva a quem sabe....
  • Patricia
    22 nov, 2017 Lisboa 12:15
    Gostava de poder ter um.papel atividades cono professora para realizar um projeto para melhorar isto é sensibilizar os alunos sobre este tema.A escols pode ter um papel ativo neste problema.
  • Jorge
    22 nov, 2017 Entroncamento 00:22
    Sal a mais Açúcar a mais Evidenciando estes venenos e viciante. Que alimentos deveremos ingerimos quando também somos intolerantes ortomolecular a alguns alimentos?
  • Beta martins
    21 nov, 2017 Chaves 22:52
    Muitas vezes não é a falta de cultura nem de dinheiro que faz com que as pessoas comam mal, mas sim excesso de preguiça.
  • Miguel Gomes
    21 nov, 2017 Belas 22:11
    Concordo plenamente que os produtos menos saudaveis sejam taxados. E que obrigem a consumir menos sal e açucar.
  • Alcide pedro
    21 nov, 2017 setubal 19:47
    Não seria mais lógico as empresas de produtos alimentícios impregnarem os alimentos com menos sal? Até que ponto é que por se pagar um preço mais alto por um produto com mais sal, vai dar mais saúde às pessoas? Pelo que percebi o intuito da comunidade médica é que as pessoas tenham mais saúde.
  • Marcosraposoteles
    21 nov, 2017 S. Domingo's de rana 19:45
    Acho , muito justo a intormação sober, nutrição, porque , EU nao tivesse essay informação já tinha morrido, estava ,tao Gordon ,qque ja nem respirava. Tinha 97kils baichei sos 73kilos ,com consultant mensal gratuita, porque só assim foi possível .os portugueses ,não tem dinheiro pera se alimentar . muitomenos teem para aprender a comer
  • Luis
    21 nov, 2017 Porto 19:00
    Estranho esta notícia pois no MacDonald vejo pessoas com bons rendimentos nas noites de sexta no copos não são os menos cultos nas crianças os bolos os sumos as batatas nas escolas não são o pobres,tudo isso é conversa.
  • Custodia Maria mar
    21 nov, 2017 Cartaxo 15:23
    Este povo fala muito nos países mais desenvolvidos com p ex: os paisés nórdicos e as suas boas reformas mas esquecem dos bons hábitos alimentares saúdavei. Comer saúdavel não implica mais dinheiro, pelo contrário, Implica sim bom senso, força de vontade e medidas como estas. Será q os pais não se preocupam com a saúde de seus filhos? Ou a única coisa que conta é ter dinheiro no bolso???

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