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Conferência Episcopal tem nova sede. Um espaço com história que inspirou Garrett

16 nov, 2017 - 15:44 • Ângela Roque

Inaugurada esta quinta-feira, a nova sede situa-se na Quinta do Bom Pastor, em Benfica, onde já se encontram, há um ano e meio, as rádios do Grupo Renascença Multimédia.

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Foi um auditório repleto de gente que assistiu, esta quinta-feira, à inauguração formal das novas instalações da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e dos vários organismos a ela ligados.

Na cerimónia de inauguração, que decorreu no auditório do Grupo Renascença Multimédia, o Cardeal Patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que a nova sede, situada na Quinta do Bom Pastor, em Lisboa, é uma casa para todos, porque serve “toda a Igreja de Portugal”, as suas 20 dioceses territoriais e os seus vários organismos.

É uma casa de proximidade, explicou D. Manuel Clemente, porque habitam no mesmo espaço as rádios do Grupo Renascença Multimédia (Renascença, RFM, Mega Hits e Rádio Sim) e a agência Ecclesia, “com aquilo que prometem fazer para o futuro”; e é uma casa genuinamente portuguesa, dadas as diversas ligações que os vários donos da Quinta tiveram a sectores tradicionais como a agricultura e o comércio por exemplo.

“Não digo que seja ‘uma casa portuguesa com certeza’, mas há muito Portugal no historial desta construção que agora serve a nossa Conferência Episcopal, desde a agricultura ao comércio, do comércio à indústria – com a fábrica das sedas – desde a cidade ao campo, desde o continente às ilhas, até a ligação ao estrangeiro por vários casamentos que os sucessivos proprietários foram tendo, a figuras da vida política, literária e nacional. Uma confluência de motivos que dão a esta palavra ‘portuguesa’ da nossa Conferência Episcopal uma particular circunstância”, sustentou.

Depois da cerimónia de inauguração seguiu-se a benção das novas instalações da Conferência Episcopal. Desde Agosto que já funcionam neste espaço alguns serviços ligados à CEP, como a agência Ecclesia, a Fundação Fé e Cooperação (FEC) e os vários secretariados pastorais, como o da educação cristã, o das comunicações sociais ou o dos bens culturais da Igreja.

300 anos de história

A Quinta do Bom Pastor nem sempre foi conhecida por este nome. Em meados do século XVI, era chamada Quinta das Buracas e, ao longo dos anos, foi assumindo o nome dos seus vários proprietários. Mas, a designação que ficou até aos nossos dias foi a do Bom Pastor.

Segundo a directora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, um dos donos da quinta, no início do século XIX, foi António Lopes Pastor. Conceituado negociante na área das sedas, tinha uma loja de tecidos em Lisboa. Era também um benemérito, daí a designação "bom Pastor".

“É um nome assertivo e muito adequado para um espaço que viria mais tarde a acolher uma casa de retiros”, afirmou Sandra Costa Saldanha na apresentação da pesquisa histórica que aqui foi feita.

A quinta tem dois edifícios: o palacete, onde estão a funcionar os serviços da CEP, e as casas que serviam para cursos e retiros e que, depois de obras de requalificação e adaptação, foram transformadas nas instalações do Grupo Renascença Multimédia, desde Maio de 2016.

As referências mais antigas ao palacete remontam ao século XVIII. A propriedade foi passando por diversas mãos até entrar para a posse da Câmara de Lisboa, que a vendeu depois ao Patriarcado de Lisboa.

Em 1960, foi inaugurada a Casa de Retiros pelo então cardeal patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que ali viveu os últimos anos de vida.

Uma Quinta nos livros de Garret

Entre as várias curiosidades que a pesquisa histórica revelou está a amizade de Almeida Garrett com António Lopes Pastor e a sua ligação à quinta. O escritor passou aqui várias temporadas e algumas das suas obras tiveram a Quinta do Bom Pastor como cenário. É o caso das peças “O Alfageme de Santarém” e de “Frei Luis de Sousa”.

O palácio que agora acolhe a CEP e os seus vários organismos é uma casa nobre de traça pombalina. Foi quase sempre residência familiar dos seus proprietários, que ao longo dos anos lhe foram fazendo várias intervenções e melhoramentos.

Destacam-se os três painéis de azulejos da Real Fábrica do Rato, agora restaurados, e o Pavilhão de Frescos, que foi transformado numa capela.

Nuno Valentim, o arquitecto responsável pelo projecto de recuperação do edifício, fez uma apresentação das várias fases da obra, considerando que “ganhou outra dignidade”. O projecto de recuperação envolveu empresas de Coimbra, do Porto e de Braga.

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