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​Migrantes vendidos como escravos na Líbia

15 nov, 2017 - 16:18 • André Rodrigues

Investigadora Cristina Santinho responsabiliza não apenas o estado a que a Líbia chegou após o período da Primavera Árabe, mas também a União Europeia.

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A crise dos migrantes e refugiados está a transformar a Líbia num mercado de escravos, em pleno século XXI.

De acordo com a CNN e com a revista “Newsweek”, há migrantes e refugiados oriundos da África subsaariana que são leiloados por 400 dólares (cerca de 340 euros), caso não consigam pagar o resgate exigido pelas redes de tráfico.

Estes grupos, em vez de garantirem a entrada dos migrantes em solo europeu, exploram-nos ao limite para fazer mais algum dinheiro.

Uma realidade da Líbia pós-Kadaffi que é, desde o ano passado, a principal plataforma para migrantes e refugiados tentarem chegar a solo europeu.

Em declarações à Renascença, Cristina Santinho, investigadora do Centro de Estudos de Antropologia do ISCTE, responsabiliza não apenas o estado a que a Líbia chegou após o período da Primavera Árabe, mas também a União Europeia que, "de uma forma geral, evita a entrada legal de migrantes e de refugiados para a Europa".

Dentro do navio português que salvou 145 vidas no Mediterrâneo
Dentro do navio português que salvou 145 vidas no Mediterrâneo

Contudo, esta especialista lembra que "não há tampões que se coloquem na União Europeia, na Turquia ou noutro local qualquer", porque "quando a situação é insustentável nos países de origem, trata-se de uma necessidade de sobrevivência e eles vêm cá parar à mesma".

Para Cristina Santinho, "aí reside a indignidade da questão, porque o problema é que estes migrantes chegam à Europa em condições sub-humanas". E aí, "há que fazer escolhas: ou recebemos esta gente com a dignidade que lhe é devida, ou então continuaremos a alimentar esta dicotomia do 'nós e eles' e este problema nunca mais acaba", conclui.

Na última semana, a Organização Internacional das Migrações (OIM) indicava que o maior número de mortes de migrantes já ocorre no deserto do Saara e não no mar Mediterrâneo.

Um cenário difícil de adjectivar, diz Cristina Santinho: " é muito mais do que deprimente, é algo que nos remete para pensarmos sobre o que andamos a fazer como seres humanos".

Apesar das muitas diferenças em relação a algumas épocas do passado, "os princípios de perversidade, de ganância e desrespeito por pessoas - que nem sequer são consideradas pessoas - acontece em todos os contextos".

Comentários
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  • Castelo Branco
    16 nov, 2017 Castelo Branco 09:45
    Esta investigadora que faça a seguinte experiência: elimine a porta da sua casa por um dia. Verifique quanto tempo a mesma não é ocupada saqueada e depois faça uma tese de doutoramente sobre o mesmo. Deve ser bastante interessante ler ....
  • Joana costa
    16 nov, 2017 Mafra 07:41
    Quantos refugiados esta socióloga já acolheu?
  • Ah é!!!
    15 nov, 2017 20:40
    Então agora a Europa também é culpada pela venda de escravos em África?

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