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​Militar da GNR recordou em tribunal crimes de Aguiar da Beira

03 nov, 2017 - 16:00

Arguido Pedro Dias ficou em silêncio, mas advogada garante que o suspeito de três crimes de homicídio vai falar.

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O militar da GNR António Ferreira, uma das principais testemunhas dos crimes de Aguiar da Beira, recordou esta sexta-feira a noite em que foi atingido a tiro e em que viu o seu colega ter sido assassinado, alegadamente por Pedro Dias.

A primeira sessão do julgamento de Pedro Dias arrancou por volta das 10h15, com o arguido a escusar-se a prestar declarações e, pouco depois, a ser retirado para uma outra sala do Tribunal da Guarda.

A pedido do militar da GNR António Ferreira, Pedro Dias acabou por acompanhar os desenvolvimentos numa outra sala com sistema de videoconferência.

Ao longo de duas horas, o militar da GNR lembrou a madrugada do dia 11 de Outubro de 2016, em que saiu com o seu colega Carlos Caetano para um 'giro' e passou por uma zona onde "iam surgindo alguns incêndios", junto ao Hotel das Termas da Cavaca.

Na altura, encontraram uma carrinha Toyota parada, com um homem a dormir do lado do condutor, que decidiram abordar para pedir a documentação, apesar de não terem matéria para "qualquer contraordenação".

Nas comunicações feitas, com solicitação de informação sobre o registo de propriedade do veículo e do titular da carta de condução, António Ferreira contou que o colega, Carlos Caetano, lhe terá transmitido que do posto de Fornos de Algodres alertaram de que se tratava de "uma pessoa perigosa" e que "devia ter uma arma".

Pedro Dias. 28 dias de fuga em 270 segundos
Pedro Dias. 28 dias de fuga em 270 segundos

Na sequência deste alerta, que pensa ter sido ouvido por Pedro Dias, António Ferreira diz que viu o colega ser atingido a tiro. Foi ele também ameaçado com uma arma e obrigado a colocar o colega na bagageira do carro da GNR.

Mais tarde, acabou por ser levado no carro da GNR, preso por algemas à pega do veículo do lado do 'pendura', até que depois parou junto a um pinhal onde lhe terá sido ordenado que se algemasse a um pinheiro, acabando baleado pelas costas.

De acordo com António Ferreira, perdeu os sentidos por tempo indeterminado. No entanto, conseguiu chegar a uma casa que era também de um colega militar, para pedir auxílio.

Ao longo das duas horas, o militar da GNR sublinhou que não conhecia Pedro Dias, assim como o seu colega Carlos Caetano também não, desconhecendo ainda as motivações para os disparos.

"O senhor Pedro Dias nunca me deu hipóteses de fazer coisa alguma, estive sempre com a arma apontada", repetiu.

Ao longo da sua audição, António Ferreira demonstrou alguma dificuldade em falar e acabou por ter de se ir levantando por não conseguir estar sempre sentado. Durante a tarde continuará a ser ouvido.

À saída do tribunal, o advogado Pedro Proença, representante do militar da GNR António Ferreira, disse aos jornalistas que depoimento foi credível e que estamos perante "uma prova muito sólida e consistente" e "uma investigação criminal exemplar", que permite ao Tribunal "ter uma clareza sobre tudo o que passou".

"Não deixou dúvidas [de que foi Pedro Dias] e a prova testemunhal foi muito sólida e veio corroborar a prova biológica e física", referiu.

Pedro Proença aludiu ainda ao trauma e às lesões físicas de que António Ferreira padece.

"Esclareço que ele está numa situação de perigosidade clínica elevada, porque qualquer movimento pode deslocar a bala que ele tem alojada na coluna e há risco de vida ainda", concluiu.

Pedro Dias está acusado da prática de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.

Pedro Dias prescindiu da leitura da acusação e ficou em silêncio no início do julgamento, mas a advogada Mónica Quintela assegurou aos jornalistas que o arguido vai falar.

“Não sabemos quando é que ele vai falar, [mas] ele vai falar. Correu precisamente como esperávamos que corresse”, disse Mónica Quintela sobre esta primeira parte da sessão.

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