03 nov, 2017 - 11:47 • Rosário Silva
A Academia da Memória da Fundação S. João de Deus está a dar os primeiros passos no concelho de Lisboa. Trata-se de um programa de intervenção cognitiva para pessoas adultas e mais velhas, que tem como missão executar a estimulação cognitiva como um hábito de vida saudável.
O projecto surge, por um lado, “tendo em conta o envelhecimento crescente que nos confronta com situações com as quais não nos preocupávamos há umas décadas” e, por outro lado, “sabendo que o isolamento social e as demências são uma realidade”, explica à Renascença Catarina Oliveira.
As sessões de estimulação cognitiva são dinamizadas por esta psicóloga, com conhecimentos específicos na área da psicogerontologia e neuropsicologia e que desenvolve planos individuais de estimulação cognitiva, adaptadas às pessoas em causa, podendo até fazer o acompanhamento em casa.
Na Fundação São João de Deus, desde o inicio do ano que são efectuadas sessões em grupo para estimular e exercitar o cérebro, de uma forma lúdica, através de jogos. É o projecto “Dê corda à memória” a que se junta, agora, esta Academia. Os especialistas já não têm duvidas de que a estimulação permite preservar ou melhorar o desempenho das funções cognitivas e ajudar na prevenção de demências, contribuindo para o prolongamento da autonomia da pessoa mais velha.
Para desenvolver este projecto, por um valor simbólico, a fundação está aberta a parcerias “com instituições que tenham pessoas adultas ou mais velhas e que não estejam a ter acesso a este tipo de serviço, incluindo centros de dia, lares, centros de convívio para idosos ou até paróquias e juntas de freguesia do concelho de Lisboa”, acrescenta a psicóloga.
A especialista lembra que a função de um animador social numa instituição “é muito válida”, mas “falta a formação necessária para este processo de estimulação cognitiva”.
E como cada caso é um caso, Catarina Oliveira destaca a inovação deste projecto que passa por fazer “um plano estruturado, com uma finalidade, o que é diferente de colocar toda a gente a fazer o mesmo exercício quando as pessoas têm níveis de deterioração cognitivas diferentes.”
Em Portugal, a operação Censos Sénior 2017 da Guarda Nacional Republicana (GNR) sinalizou quase 46 mil idosos. “Em Lisboa são bem mais de mil os que estão sozinhos e/ou isolados”, conclui, para justificar esta nova aposta da FSJD que já tem a funcionar, com sucesso, uma academia na Guarda.
De acordo com os censos de 2011, 19% da população portuguesa tem mais de 65 anos. Em Março de 2017 uma projeção do Instituto Nacional de Estatística (INE) dizia que a população idosa já ultrapassava os dois milhões, 20,5% de toda a população residente em Portugal.